O bolsonarismo
não é força política hegemônica no Ceará, mas tem força considerável
principalmente em Fortaleza. No Interior também, vale frisar. Embora a força de
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seja preponderante, o presidente Jair Bolsonaro
(PSL) tem muito eleitor no Interior. Na Capital, muito mais.
A
força de Bolsonaro no Ceará é maior do que a de seus interlocutores no Estado.
Verdade que o presidente teve 28,9% dos votos no Estado, contra 71,1% de
Fernando Haddad (PT). Mas a força política do grupo que estava até agora no PSL
era muito menor que esses 28%. Em Fortaleza, Bolsonaro ficou na frente de
Haddad no primeiro turno e, no segundo turno, teve 44,4% dos votos válidos. A
força política dos aliados fica muito abaixo disso.
Isso
era assim até agora e o quadro fica ainda mais confuso com saída do presidente
do PSL. O partido no Ceará vinha em pé de guerra há meses, com guerra aberta
entre os parlamentares da legenda.
Na
crise entre Bolsonaro e o PSL, o Estado teve protagonismo em um importante
episódio, quando foi divulgada um áudio do presidente, cujo vazamento foi
atribuído ao deputado federal Heitor Freire.
Trata-se
do presidente do partido no Ceará, cujo comando tem sido exercido de forma dura.
Destituiu direções municipais, afastou adversários internos e colocou aliados.
Ele foi o organizador do palanque de Bolsonaro no Estado, o articulador. Após a
eleição, buscou se colocar como porta-voz e negociador das posições do governo.
O
caso do áudio implodiu suas relações com o bolsonarismo. Heitor Freire fez
campanha colado a Bolsonaro e se vinculou a ele absolutamente. Depois do
episódio, negou veementemente ter sido responsável e jurou fidelidade a
Bolsonaro. Seu destino político se torna uma grande interrogação.
A
nova configuração da base de Bolsonaro no Ceará
André
Fernandes foi o deputado estadual mais votado do Estado e já era o membro do
PSL com mais força eleitoral. Para a Assembleia Legislativa, teve 12,5 mil
votos a mais do que Freire teve para a Câmara dos Deputados. Fernandes
concorreu contra muito mais adversários, numa eleição cujas votações são sempre
mais pulverizadas.
Fernandes
rompeu com Freire. Perdeu o comando do PSL em Fortaleza, mas hoje se credencia
como nome principal do bolsonarismo no Ceará.
Capitão
Wagner e o bolsonarismo
Capitão
Wagner (Pros) acompanha de longe os rumos do bolsonarismo cearense. Ele
mantinha conversas com o PSL. Freire pretendia apoiá-lo, mas queria indicar o
candidato a vice. Wagner não se comprometia. Parece ter feito bem.
André
Fernandes, por sua vez, não era a voz mais simpática do PSL à aliança com o
Capitão. Preferia candidatura própria.
Bolsonaro
contra o relógio
Para
ter condição de lançar candidatos nas eleições 2020, o novo partido, Aliança
pelo Brasil, precisará estar formado até o começo de abril. O prazo é curto e
improvável. Precisa colher meio milhão de assinaturas, o que não será difícil.
Depois disso, há rito lento na Justiça Eleitoral. Inclui conferência de
assinaturas, designação de relator, está sujeito a pedido de vistas.
O
partido de Bolsonaro só disputará as eleições municipais de 2020 se for criado
em tempo recorde, coisa sem precedente. Se
não, Bolsonaro terá de negociar com partidos para abrigarem seus filiados. Método
bem velha política.
Com
informações portal O Povo Online
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