O
líder do PSL na Câmara, deputado Eduardo Bolsonaro (SP), pode ter dificuldade
para evitar a abertura de um processo de cassação do mandato por quebra de
decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. A oposição promete denunciá-lo
ao colegiado na próxima terça-feira, pelas declarações sobre a possibilidade de
um “novo AI-5” — o Ato Institucional nº 5, o mais repressivo instrumento da
ditadura militar (1964-1985).
Além de não contar com uma base formal de apoio
ao governo, o filho do presidente tem desafetos do próprio PSL no órgão, como o
deputado Delegado Waldir (GO), a quem substituiu na liderança do partido na
Câmara, após uma conturbada disputa. O presidente do Conselho, Juscelino Filho
(DEM-MA), ao comentar as falas de Eduardo, frisou que a imunidade parlamentar
tem limites.
“Não
dá para considerar que tudo está protegido pela imunidade parlamentar”, disse.
Na quinta-feira, Eduardo havia afirmado que não podia ser punido pelas
declarações por estar amparado por essa prerrogativa. “Existe uma coisa chamada
imunidade parlamentar, existe uma coisa chamada direito à fala, à expressão e à
opinião, mas também existe um limite quanto a isso”, disse Juscelino Filho.
Responsável
por dar encaminhamento ao pedido da oposição, o presidente do Conselho de Ética
prometeu que tratará o caso “da forma mais isenta possível”. Entretanto, fez
duras críticas a Eduardo Bolsonaro, pois, na sua opinião, “as declarações do
filho do presidente Jair Bolsonaro sobre a possibilidade de edição de um novo
AI-5 foram graves, muito impactantes e contrárias à Constituição”.
Dos
21 assentos do Conselho, os partidos que se declaram contrários ao governo
ocupam apenas seis — PT, com dois integrantes, e PDT, PSol, PCdoB e PSB, com
uma cadeira cada. O PSL tem dois representantes — Delegado Waldir (GO) e Fábio
Schiochet (SC). Ambos são aliados do presidente do partido, deputado Luciano
Bivar (PE), desafeto do presidente Jair Bolsonaro. Na quinta-feira, o Diretório
Nacional da legenda divulgou nota de repúdio às declarações de Eduardo.
Já
o posicionamento que deve ser adotado pelos outros 12 parlamentares que vão
decidir sobre a abertura ou não de um processo de cassação, excluindo o
presidente do colegiado, ainda é uma incógnita. A grande maioria é do Centrão.
PP e PSD têm dois integrantes cada um. Já PSDB, DEM, PL, Republicanos, MDB,
Solidariedade, Podemos, Novo e PTB ocupam uma vaga cada um.
Eduardo
Bolsonaro postou um
vídeo a (01/11) com o trecho da entrevista em que fala do AI-5 para dizer que suas
declarações foram distorcidas. “Muitos estão propositalmente deturpando minha
fala. Não falei que vou voltar o AI-5 — nem teria poderes para isso. Assista ao
vídeo sem edições maldosas ou interpretações outras e tire as suas próprias
conclusões”, escreveu.
Com
informações portal Correio Braziliense
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