Desde
os "finalmentes" da eleição passada, tem sido comum entre a esquerda
brasileira discurso que critica o "egoísmo" do sempre presidenciável
Ciro Gomes (PDT) ao tentar se manter equidistante entre lulistas e
bolsonaristas.
É fácil de entender a rixa: para quem enxerga em Bolsonaro a ruína do estado democrático de direito, a opção do pedetista em se ausentar do País no 2º turno do ano passado será sempre imperdoável. Dentro de uma visão mais "pragmática" na questão eleitoral, no entanto, a cada dia Ciro parece ter lá suas razões.
É fácil de entender a rixa: para quem enxerga em Bolsonaro a ruína do estado democrático de direito, a opção do pedetista em se ausentar do País no 2º turno do ano passado será sempre imperdoável. Dentro de uma visão mais "pragmática" na questão eleitoral, no entanto, a cada dia Ciro parece ter lá suas razões.
O
mais novo argumento "pró-PDT" nesta disputa simbólica foi dado pelo
próprio ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na última quinta-feira, em
seu primeiro pronunciamento em evento partidário desde deixar a prisão. No
simbólico estado da Bahia, Lula disse que o PT "não nasceu para ser
partido de apoio" e cravou necessidade zero de autocrítica pelo partido.
"Tem companheiro do PT que também fala que tem que fazer autocrítica. Faça
você a crítica. Eu não vou fazer o papel de oposição, a oposição existe para
isso".
Ou
seja, ao discursar nesse tom ao lado do governador baiano Rui Costa (ele
próprio um defensor da necessidade de autocrítica petista), Lula deixa, para
Ciro, apenas uma coisa clara: que o PT não abrirá espaço para protagonistas
vindos de outros partidos tão cedo. A opção tem até certa razão de ser - afinal
de contas, sendo um dos maiores partidos do Brasil, por que cargas d'água o
petismo abriria mão de liderar um processo eleitoral?
Agora,
o outro ponto do discurso é bastante problemático. Entre militantes e até
simpatizantes moderados do petismo, a própria expressão "autocrítica"
já ganhou contornos de escárnio, como se o que fosse defendido pelo termo fosse
apenas uma humilhação pública dos governos do partido. "Fazer o jogo da
oposição", como coloca o próprio Lula.
Questões
objetivas e que poderiam ser facilmente referendadas em uma reunião do partido,
como uma restrição de alianças com o MDB (afinal de contas, é o partido do que
os próprios petistas chamam de golpe) ou até a filiados condenados em trânsito
em julgado em casos de corrupção parecem inviáveis, até pela própria situação
de Lula diante da Justiça.
O
espaço que sobra
Nesse
contexto, o que parece sobrar para Ciro Gomes é continuar a seguir o caminho
que já vem seguindo, mirando seu crescimento em eleitores arrependidos de Jair
Bolsonaro ou do petismo. Em um cenário com Lula candidato, a estratégia parece
pouco eficaz, uma vez que dificilmente qualquer outra candidatura fora da
"polarização extrema" puxada por PT e "Aliança pelo Brasil"
tem hoje qualquer chance na disputa.
Ao
disparar contra Lula, Ciro deixar claro, no entanto, que não acredita na
presença do petista na disputa. A estratégia "língua solta" ainda
ganha um pouco de estranheza pela própria situação de seu estado de origem,
onde Ciro apoia um governador do PT que tanto critica. Coisas da política.
Com informações portal O Povo Online
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