A
solenidade de fundação do partido Aliança pelo Brasil, que o presidente Jair
Bolsonaro deseja registrar após ter deixado o PSL, realizada ontem (21/11) em um auditório de um luxuoso hotel de Brasília, serviu como pontapé inicial do
projeto de reeleição.
Em
uma fala de pouco mais de 30 minutos, Bolsonaro destinou parte dela para atacar
o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), a quem enxerga como
desafeto e concorrente do mesmo espectro político na disputa eleitoral. Para
ele, o chefe do Executivo estadual fluminense tenta “destruir a reputação da
família Bolsonaro”.
O
presidente começou falando que, se não fosse pelo senador Flávio Bolsonaro
(Aliança-RJ), Witzel não teria sido eleito.
“Onde
o Flávio ia, ele estava atrás. Acabaram as eleições e ele botou na cabeça que
quer ser presidente. É o direito dele e de qualquer um de vocês, mas, também
botou na cabeça dele o direito de destruir a reputação da família Bolsonaro.
Minha vida virou um inferno depois da eleição do senhor Wilson Witzel,
lamentavelmente”, criticou.
Para
Bolsonaro, Witzel tenta destruir sua família e “quem está ao lado dele” usando
a Polícia Civil do Rio de Janeiro. “Ou parte dela, a todo custo”, acusou. O
sentimento de perseguição aos familiares diz respeito às suspeitas da Polícia
Civil de um possível envolvimento de Carlos Bolsonaro (PSC), vereador na
capital fluminense, com a morte da então vereadora Marielle Franco (PSol) e do
motorista Anderson Gomes.
Caso
Marielle
Ao
citar o filho, Bolsonaro disse que Carlos e Marielle tiveram uma única discussão
enquanto vereadores. “Acho que política. Agora, (os policiais) jogam para esse
lado (de um suposto envolvimento do filho no assassinato)”, criticou.
O
presidente lembrou que, em 9 de outubro, encontrou com Witzel no Clube Naval do
Rio de Janeiro. Declarou que, na ocasião, o governador confidenciou a ele ter
conhecimento das investigações feitas pela Polícia Civil.
Como
inquéritos tramitam em segredo de Justiça, Bolsonaro crê que Witzel tenha
alguma influência sobre as diligências da corporação.
“Perguntei
(a ele) ‘como tu sabe disso, se o processo corre em segredo de Justiça?’ Já
sabia das suas intenções. Vivia manipulando o processo e não aparece para a
esquerda chegar aos mandantes verdadeiros. Interessa usar, agora, esse crime
bárbaro que repudiamos para atingir reputação de pessoas outras. Não deu certo
com o porteiro, mas, por coincidência, eu não estava lá”, comentou.
O
presidente fez referência ao depoimento à Polícia Civil de um porteiro que
teria autorizado a entrada de Élcio de Queiroz, um dos suspeitos do assassinato
de Marielle, após conversar com um “seu Jair”. À Polícia Federal, contudo,
mudou a versão em outro depoimento.
“A
Globo começa dizendo o ‘depoimento do porteiro’ e dizendo que eu estava em
Brasília. Isso não é pauta que tem que ser divulgada, essa possibilidade de um
ser um dos mandantes do crime da Marielle Franco, e lamento muito. Esse é o
trabalho em parte desse governador (Witzel) que tem obsessão de ser presidente
e dizem uns que, em seu gabinete, usa faixa presidencial”, comentou.
Corrida
contra o tempo
Para
existir formalmente, o Aliança pelo Brasil ainda precisa ser homologado pelo
Tribunal Superior Eleitoral.
Para
isso, deverá cumprir uma série de exigências, o que representa uma verdadeira
corrida contra o tempo para Bolsonaro e os demais políticos que pretendem se
juntar à legenda.
Princípios
do partido
A advogada Karina Kufa fez
a leitura dos princípios do partido. "O povo deu norte da nova
representação política. Em 2019, novo passo precisa ser dado. Criar partido que
dê voz ao povo brasileiro", afirmou.
Karina
Kufa afirmou que o partido é conservador, comprometido com a liberdade e ordem,
soberanista e de oposição às "falsas promessas do globalismo".
O
programa tem os seguintes princípios:
>>
Respeito a Deus e à religião
>>
Respeito à memória e à cultura do povo brasileiro
>>
Defesa da vida
>>
Garantia de ordem e da segurança
O
programa afirma que o partido "reconhece o lugar de Deus na vida, na
história e na alma do povo brasileiro". Há ainda defesa da posse de armas.
Karina disse que o partido "se esforçará para divulgar verdades sobre
crimes do movimento revolucionário, como comunismo, globalismo e
nazifascismo".
Ainda segundo a advogada, o partido estabelecerá relações
com siglas e entidades de países que "venceram o comunismo", como os
do Leste Europeu.
"O
Aliança pelo Brasil repudia o socialismo e o comunismo", disse Karina. A
frase foi bastante aplaudida pelos presentes. A plateia começou a gritar:
"A nossa bandeira jamais será vermelha".
A
maioria dos parlamentares do PSL, que pretendem migrar para a nova sigla,
ocupava as primeiras fileiras do auditório. Alguns não conseguiram lugar nas
primeiras cadeiras porque chegaram mais tarde. Outros quase não conseguiram
entrar. Havia ainda dezenas de apoiadores ao lado de fora do auditório, por
causa da lotação. Apenas poucos jornalistas tiveram acesso ao auditório
principal.
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