Imagem capturada do vídeo divulgado pelo Presidente da República |
O
presidente Jair Bolsonaro pediu desculpas ao Supremo Tribunal Federal (STF)
ontem (29/10), por um vídeo publicado em conta no Twitter. Nas imagens, a Corte
é retratada como inimiga do chefe do Executivo. O vídeo ficou no ar por cerca
de duas horas, até ser removido. A montagem é integrada por um leão,
representando Bolsonaro, e várias hienas ao redor, que fazem alusão ao que
seriam inimigos do presidente.
Bolsonaro
participa de encontros bilaterais no Oriente Médio e comentou o caso em
entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. "Me desculpo publicamente ao
STF, a quem por ventura ficou ofendido.
Foi uma injustiça, sim. Corrigimos e vamos publicar uma matéria que vai para
esse lado da desculpas. Erramos e haverá retratação", disse o presidente.
O
chefe do Executivo disse que não pode responsabilizar o filho Carlos Bolsonaro
(PSC/RJ) pela publicação. De acordo com ele, outras pessoas têm a senha.
O
presidente ainda comentou que o vídeo não foi feito por ele. "Esse vídeo
apareceu, foi dada uma olhada e ninguém percebeu com atenção que tinham alguns
símbolos que apareciam por frações de segundos. Depois, percebemos que
estávamos sendo injustos, retiramos e falei que o foco (nas redes sociais) são
as nossas viagens."
Presidente
da República em exercício, Hamilton Mourão também se posicionou sobre a
postagem. Nesta manhã, ao conversar com jornalistas no Palácio do Planalto, ele
eximiu Bolsonaro da culpa e disse que "alguém que tem acesso à rede
social" do mandatário brasileiro foi quem publicou o vídeo. "Ver, eu
não vi (o vídeo). Só ouvi os comentários. Acho que foi alguém que postou,
alguém que tem acesso à rede social dele, não sei quem. E ele, obviamente
quando viu, ele tirou", declarou Mourão.
Para
o presidente interino, como Bolsonaro já se desculpou, o assunto deveria ser
esquecido. "Ele já se desculpou, porque quando ele viu o conteúdo do
vídeo, ele retirou. Então eu acho que vira a página."
Na
segunda-feira (28/10), o vídeo ficou no ar por aproximadamente duas horas antes
de ser deletado. Nele, um leão é acossado por um grupo de hienas. Cada uma
"carrega" a logo de um órgão diferente, que vão desde partidos
políticos — como o PSL, legenda do presidente —, a entidades como o STF, a
Organização das Nações Unidas (ONU), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a ONG Greenpeace.
Hienas
representando outras siglas políticas tentam atacar o leão, como PT, PCdoB,
PSol, PSB, PDT e PSDB. Veículos de comunicação também aparecem entre a alcateia
que avança contra "Bolsonaro": TV Globo, Rádio Jovem Pan, revista
Veja, O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo são alguns dos canais de mídia
taxados como ameaça pelo presidente.
Movimentos,
como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), o Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra (MST), a Força Sindical e o Movimento Brasil Livre (MBL), são
outras taxadas como inimigas a Bolsonaro. O vídeo ainda faz menção à Lei
Rouanet e a termos como "isentão" e "via sensata" como
potenciais "opositores" ao governo do pesselista.
Nos
momentos finais do vídeo, as hienas se dispersam somente após a aparição de um
segundo leão, taxado de "conservador patriota", que se junta ao
felino que representa Bolsonaro. Além disso, uma mensagem pede: "Vamos
apoiar o nosso presidente até o fim! E não atacá-lo! Já tem oposição pra fazer
isso!". A gravação termina com a reprodução da fala de Bolsonaro do slogan
da sua campanha eleitoral: "Brasil acima de tudo, Deus acima de
todos".
Ministro
do STF, o decano Celso de Mello repudiou as imagens. "A ser verdadeira a
postagem feita pelo senhor presidente da República em sua conta pessoal no
'Twitter', torna-se evidente que o atrevimento presidencial parece não
encontrar limites na compostura que um chefe de Estado deve demonstrar no
exercício de suas altas funções, pois o vídeo que equipara,ofensivamente, o
Supremo Tribunal Federal a uma 'hiena' culmina, de modo absurdo e grosseiro,
por falsamente identificar a Suprema Corte como um de seus opositores",
afirmou, em nota oficial.
Com
informações portal Correio Braziliense
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