Eduardo Bolsonaro acompanhados de deputados e deputadas do PSL na Tribuna da Câmara (Foto: Divulgação) |
A
semana definiu o fracasso da turma que chegou à política, como novidade, para
salvá-la. Nas minhas contas, o ex-deputado Jair Bolsonaro nunca fez parte da
equação, considerando os vários mandatos exercidos na Câmara com práticas
iguais às dos colegas ou, no mínimo, com opção clara por um conivente silêncio
diante de erros e desmandos. Mas, reconheço, a amplíssima maioria deles, entre
os que foram eleitos no PSL para o Congresso e para Assembleias Legislativas
espalhadas País afora, chegava com o crédito de ter pouco, ou nada, a ver com o
quadro que trouxera ao descrédito quase absoluto da classe política brasileira.
Com
menos de dez meses completos da era Bolsonaro, porém, o que se assiste
acontecer é a mais aberta demonstração de despreparo para o poder que um grupo
político seria capaz de oferecer. Todas as pessoas envolvidas nos imbróglios
dos últimos dias, lembre-se, têm compromisso com a governabilidade e deveriam
trabalhar, mais do que quaisquer outros no Congresso e no Executivo, por um
ambiente político estável. Inclusive, e principalmente, a família Bolsonaro,
quando, ao contrário, este foi o sobrenome que mais alimentou e animou a crise.
Na verdade, a própria origem de tudo é uma observação desnecessária e gratuita
do presidente da República durante inocente selfie com um admirador.
Recordando:
o jovem fazia a foto ao lado de Bolsonaro e citou o nome de Luciano Bivar,
presidente nacional do PSL, sendo-lhe sugerido que esquecesse o deputado
pernambucano e não citasse seu nome, porque ele estava "queimado".
Incompreensível, pelo menos no aspecto em que leva à rua uma questão que
poderia ser tratada no âmbito interno, especialmente quando considerado o
interesse do governo que ele foi eleito para liderar e do País que lhe cabe
governar no momento. A sequência que veio depois, com tentativa de derrubar o
líder na Câmara, manobra para dar o posto ao próprio filho, áudios terríveis
captados e divulgados na imprensa, punições, bate-boca e uma baixaria
generalizada, coloca muito em xeque a qualidade do que essa turma agregou à
política brasileira.
No
capítulo cearense, meu Deus do céu, outros vexames! Os deputados Heitor Freire
(federal) e André Fernandes (estadual) já protagonizavam sua briga particular,
faz algum tempo, e, claro, foram chafurdar também no lamaçal dos últimos dias,
o primeiro, inclusive, suspeito de ser o parlamentar que vazou conversa com
Bolsonaro (o presidente) que poderá lhes trazer muitos problemas. Ele nega. A
coluna teve acesso a uma mensagem de Heitor na qual referia-se a André, em meio
à confusão da semana, de uma forma desqualificada no nível mais baixo que o
termo comporta.
Certamente,
o incauto eleitor apostou em nomes novos ao votar no histórico 2018 sob a
expectativa de que eles trariam uma renovação concreta nas práticas políticas.
O resultado deve ser frustrante para quem apostou nisso, até agora, porque o
debate não melhorou e o faz-tudo pelo poder permanece intacto, apenas com a
substituição dos protagonistas.
Publicado originalmente no portal O Povo Online
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