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30 de outubro de 2019

A imaturidade bolsonarista por Ítalo Coriolano


A vitória de Alberto Fernandéz na disputa pela presidência da Argentina provocou comportamentos bem distintos em duas das maiores autoridades da América Latina. Mesmo sendo derrotado no 1º turno, o atual presidente Mauricio Macri se comportou com verdadeiro líder: convidou seu adversário para um café da manhã e prometeu uma "transição ordenada". Atitude, aliás, bem distinta da de Cristina Kirchner em 2015, quando seu candidato, Daniel Scioli, foi derrotada pelo próprio Macri e a então presidente - eleita vice neste domingo -, nem para a posse de seu sucessor foi.

Infantilidade também observada aqui pelas bandas do Brasil agora em 2019, no momento em que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) se recusa a cumprimentar Fernandéz por sua eleição, afirma que a Argentina "escolheu mal" e ameaça afastar o País do Mercosul.

Parabenizar um político de uma nação vizinha, principal parceira econômica na região, é o mínimo que se espera de um chefe do Executivo. Mas não. Mergulhado em sua guerra ideológica insana, o presidente prefere esgarçar as relações com nossos hermanos e desrespeitar a soberania do povo argentino.

Ao invés de ficar criando confusão, Bolsonaro poderia se inspirar no peronista para tentar evoluir. Em seu discurso após a confirmação do resultado das urnas, Fernandéz pregou o consenso e a união, ressaltando que sua coalizão "não é a frente de nós, é a Frente de Todos, nascida para incluir todos os argentinos".

Tudo isso em nome de algo que está acima de qualquer personalismo ou disputa: a melhoria na qualidade de vida da população.

Já Bolsonaro, desde que assumiu o Palácio, parece só estar preocupado em criar confusão e instigar o ódio naqueles que não se identificam com seu projeto de poder. Quase que diariamente, nos deparamos com alguma frase absurda ou atitude impensada, que colocam em dúvida se realmente ele está à altura do cargo que ocupa.

O Brasil não quer saber de picuinha, quer saber de resultados. Se Bolsonaro conseguiu viajar para a comunista China em busca de aproximações comerciais, não deve ser tão difícil colocar as sandices de lado e manter uma boa relação com a Argentina.

Publicado originalmente no portal O Povo Online

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