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15 de agosto de 2019

Trabalhadoras rurais fazem manifestação em Brasília

A manifestação saiu do Parque da Cidade e seguiu rumo ao Congresso Nacional (Foto: Renato Rocha)
Organizada a cada quatro anos pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), a Marcha das Margaridas percorreu ontem, 14, cerca de seis quilômetros em Brasília. Nesta 6ª edição, o evento teve a participação inédita de delegações de 27 países, além de representantes de todas as unidades federativas do Brasil. A Polícia Militar do Distrito Federal não apresentou números oficiais sobre quantas pessoas participaram da marcha.

De acordo com a coordenadora geral da Marcha das Margaridas, Mazé Morais, este ano a manifestação teve a participação de outras entidades, além das 16 que, desde 2000, participam do evento. "Fomos reforçados por outras organizações ligadas à defesa dos direitos das mulheres, dos índios, de estudantes e de feministas. Em parte esse reforço se explica pela semana expressiva aqui em Brasília, por causa de outras manifestações", disse.

Mazé disse que a marcha não está restrita aos seis quilômetros percorridos até a Esplanada dos Ministérios. "Isso aqui é apenas uma coroação; a cereja do bolo, após muitos debates e formações", disse. "A marcha não começa e nem termina aqui. Não se trata apenas de uma caminhada. Antes de ela acontecer, nós fazemos debates e formações. Viemos aqui para mostrar que estamos atuantes e queremos respeito. Estamos na resistência. E, daqui, sairemos empoderadas para atuar nas nossas bases, formando pessoas visando a garantia de nossos direitos".

Na avaliação dos organizadores, a Marcha das Margaridas, que é marcada sempre em agosto, é "a maior mobilização de mulheres trabalhadoras rurais do campo e da floresta do Brasil".

Nesta 6ª edição, os organizadores optaram por ir além da apresentação de uma pauta de reivindicações. "Apresentamos uma plataforma, na qual expressamos um modelo de sociedade mais justo, que garanta qualidade para a educação, a saúde; contrário à violência praticada contra mulheres e a favor do acesso a bens comuns, como água e alimentação saudável sem agrotóxicos", disse ao se referir às 20 propostas públicas apresentadas.

Mazé explicou que nenhum contato foi feito com autoridades governamentais nesta edição. "Tendo interesse, o governo poderá acessar nossas propostas, que são públicas", disse. Ela adianta no entanto que a atual edição "reforça o coro contra a reforma da Previdência, por entender que não se trata de uma reforma, já que tira direitos em vez de melhorar a vida dos beneficiários. Sabemos que não será fácil, mas atuaremos muito fortemente junto aos senadores para evitá-la".

Sindicalista paraibana morta em 1983 inspira a Marcha das Margaridas

A escolha do nome Marcha das Margaridas e da data é uma homenagem à Margarida Maria Alves, que por mais de 10 anos comandou o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, na Paraíba, reivindicando o fim da violência no campo, direitos trabalhistas como respeito aos horários de trabalho, carteira assinada, 13º salário e férias remuneradas.Pautas que seguem entre as reivindicações. Num período de Ditadura Militar, ela foi responsável por mais de cem ações trabalhistas na Justiça do Trabalho regional.

"Um dos maiores símbolos da luta das mulheres por terra, trabalho, igualdade, justiça e dignidade", explica Mazé Morais, secretária de Mulheres da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura e coordenadora geral da Marcha.

"É melhor morrer na luta do que morrer de fome", dizia Margarida, que foi assassinada em 12 de agosto de 1983, com um tiro, a mando de latifundiários. Ela estava na frente de sua casa, na companhia do marido e do filho.

O crime teve repercussão internacional, com denúncia encaminhada à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). No entanto, ninguém foi responsabilizado pela morte.

Com informações portal O Povo Online

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