Presidente
Bolsonaro e seus filhos (Foto:
Rafael Carvalho)
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Podem
reparar: já contaram quantas vezes se cita a palavra “normalizar” ao comentar
as barbaridades cometidas pela família Bolsonaro em sete meses de governo? Tudo
agora é “normalizado” no dia seguinte, como se os maiores absurdos e crimes
cometidos contra a soberania nacional e as instituições fossem coisas da vida.
“Pessoal,
problemas acontecem, está certo?”, disse o próprio Jair, o chefe do clã, ao
comentar esta semana o massacre em que morreram 62 presos no Pará.
As
coisas agora simplesmente “acontecem”, não há responsáveis, e logo aparecem os
analistas para “passar o pano”, e vida que segue.
“Normalizar”
e “passar o pano” são, desde já, minhas candidatas a palavras do ano, que
concorrem com a onipresente “tosco” para definir o inominável que governa o
país.
A
gente tenta, mas está difícil mudar de assunto, como propõe o Antonio Prata, em
sua coluna deste domingo na Folha.
Ainda
não cheguei ao ponto do colega, que receitou até rivotril com rabo de galo para
enfrentar essa barra, num texto ficcional, em que só se refere ao capitão como
B., para não citar o nome.
Pois
a familícia de B. está hoje na manchete do jornal “O Globo”, o que não nos
deixa falar de outra coisa: “Em
28 anos, clã Bolsonaro nomeou 102 pessoas com laços familiares”.
No
total, a reportagem do Globo identificou 286 assessores nomeados nos quatro
gabinetes de Jair, Carlos, Flavio e Eduardo Bolsonaro.
Todos,
é claro, pagos com dinheiro público, ou seja, com o nosso dinheiro.
Esse
é o esquema da “nova política” que levou os Bolsonaros e mais um monte de
cacarecos ao governo que está destruindo o país como se fosse um exército de
ocupação.
Esse
batalhão de aspones foi nomeado, não para prestar serviço público, pois muitos
deles nem chegaram a trabalhar em seus cargos, mas para participar do esquema
de “rachadinha” que alimentou os cofres dos maganos da moralidade que vieram
para combater a corrupção da “velha política”.
Agora
se entende a ofensiva do governo bolsonariano contra o Coaf (Conselho de
Controle das Atividades Financeiras), que quebrou o sigilo de 64 dos 286
funcionários nomeados pelo clã da familícia.
Só
o agora famoso Fabrício Queiroz, super assessor do pai, dos filhos e do
espírito santo, teve uma “movimentação atípica” de R$ 1,2 milhão entre 2016 e
2017.
Nas
investigações, apareceu até um cheque para a primeira dama Michelle, segundo
Jair, parte do pagamento de uma dívida.
O
Coaf também identificou depósitos fracionados, em dinheiro, no período de um
mês, no valor de R$ 96 mil na conta do deputado Flávio Bolsonaro, hoje senador.
Tudo
isso já foi “normalizado”, inclusive pelo presidente do STF, Dias Toffoli. No
mês passado, ele mandou suspender as investigações sobre Flávio Bolsonaro.
Os
advogados de defesa do clã e o Palácio do Planalto não quiseram se pronunciar
sobre a matéria.
Se
antes de chegar ao Palácio do Planalto, o clã já tinha essa tropa de assessores
aparentados, pode-se imaginar o que está fazendo com a caneta Bic na mão, em
Brasília.
Deram-se
bem também os militares reformados, como Jair Bolsonaro, como os generais de
pijama ocupando cargos em toda a estrutura do governo, com direito a receber
dois salários por mês.
Em
qualquer país civilizado, essa grande maracutaia já teria provocado comissões
de inquérito no parlamento e rebeliões nas ruas, mas aqui já foi tudo
“normalizado”.
Amanhã
não se fala mais nisso.
Vida
que segue.
Publicado
originalmente no portal Jornalista pela Democracia
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