17 de agosto de 2019

Em dia de campanha, Bolsonaro critica esquerda

As falas foram direcionadas ao PT, a Cuba, Venezuela e ao Alberto Fernández, vencedor das primárias da eleição presidencial na Argentina (Foto: Carolina Antunes)

O presidente Jair Bolsonaro engrossou o discurso de radicalização em uma narrativa que lembrou o período da campanha eleitoral. Sem poupar meias palavras, criticou os governos anteriores que “estimulavam e desacreditavam” a “heteronormatividade”, em uma fala regada de conservadorismo. Sobrou até mesmo para o Bolsa Família, ao associar o programa a um tipo de “condução coercitiva” que, segundo ele, era utilizado pelos governos petistas com fins eleitorais, para ganhar votos. Não faltaram, ainda, críticas ao PT, a Cuba, Venezuela, e ao vencedor das primárias da eleição presidencial na Argentina, Alberto Fernández.

Todos os comentários foram feitos nesta sexta-feira (16/8), entre a saída do Palácio da Alvorada, e durante e após a solenidade de celebração do Dia Internacional da Juventude, no Palácio do Planalto. Para Bolsonaro, “esses que dominaram o país” nos últimos governos, em referência às gestões petistas, não tinham a educação como prioridade, mas, sim, “o título de eleitor (em uma mão), e, na outra, o “cartão de um programa assistencial”. 

“O que tira a juventude da miséria, ou homem, ou mulher, é o conhecimento. Não são programas sociais que, em alguns casos, são necessários. Até pela idade e pela condição daquela pessoa, mas não podemos crescer pensando nisso”, sustentou.

Nas eleições de 2014, recordou, “uma candidata bateu no peito e falou que o nosso governo tem 50 milhões de pessoas que vivem do Bolsa Família”. “Obviamente, muita gente, repito, mas outra parte, não. Pois não será, também, estimulada a sair desse tipo de condução coercitiva, vamos, assim, dizer. E o que o nosso governo precisa e está implementando são políticas públicas que visem abrir os olhos da juventude, mostrar, realmente, qual é o caminho certo. Dizer que você é responsável pelo seu futuro, o Estado não vai te atrapalhar, muito pelo contrário”, avaliou.

A partir daí, em declarações ditas na cerimônia do Dia Internacional da Juventude, Bolsonaro engatou no discurso conservador. “Se fossem três, quatro anos atrás, em um evento como esse, talvez tivéssemos dois homens se beijando aqui na frente, estimulando, desacreditando, desconstruindo a heteronormatividade, como está no plano nacional de promoção e cidadania LGBT. Nada contra quem quer ser feliz com o parceiro igual a si, mas não podemos impor isso daí”, criticou.

O presidente não citou nominalmente, mas emendou o discurso falando sobre o “kit gay”. “Até nesse programa se falava em livros didáticos com essa temática para crianças a partir de 5 anos de idade. O que podemos esperar ao estimular jovens precocemente ao sexo? Já não basta termos crianças de 9 e 19 anos sendo responsável por 1,7 mil partos por dia”, reclamou. 

“Não temos que combater isso? A intenção é estimular cada vez mais? Nós temos que ter, juntando os ministérios da Educação e da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, um casamento perfeito para dar meios para essa garotada, como vejo aqui, do Profesp, Programa Força do Esporte, (para que) sejam alguém no futuro”, frisou, ainda na cerimônia.

Argentina
Depois da solenidade, retomou os ataques à esquerda. Disse que o Brasil esteve à beira de estar “ao lado da Venezuela”, há pouco tempo, em referência às eleições de 2018. “Ou vocês acham que se o (Fernando) Haddad (candidato do PT) estivesse aqui, agora (na Presidência), estaria aonde numa hora dessas? Poderia estar recebendo o (Nicolás) Maduro (presidente da Venezuela), fazendo lá campanha para a (Cristina) Kirchner (vice de Alberto Fernandéz), na Argentina. E qual o destino de um país que entra no socialismo e comunismo? Tá aí, aqui em cima, Venezuela. Lá não tem nem cachorro pra comer mais. Estão fugindo da pena”, declarou.

O presidente lembrou que esteve duas vezes em Roraima na pré-campanha e viu meninas de 12 anos e senhoras de 50 anos se prostituindo no estado, na região fronteiriça com a Venezuela. “Uma miséria. É isso que vocês querem no Brasil? Isso é a igualdade no socialismo que o PT sempre pregou. Todos iguais na miséria, por baixo, na prostituição, no desespero, comendo cachorro, gato, resto de comida no lixo. É isso que vocês querem no Brasil?”, ponderou.

A resposta à esquerda, de acordo com Bolsonaro, precisa ser dada por meio da educação. “É (ela) que tira a pessoa da miséria, e não a doutrinação, como ainda vem sendo feita no Brasil, em muitas escolas. É o conhecimento que tira a pessoa da miséria. Por que o (Hugo) Chávez (ex-presidente da Venezuela) foi muito bem sucedido na Venezuela? Porque o socialismo deu certo”, respondeu, ironicamente. 

“Porque tinha o barril do petróleo na casa dos US$ 120 e isso aí criou uns tremendos problemas sociais para atender o povo. Atender como? Jogando na miséria. Acostumando o povo a viver daquilo que tinha do Estado. O petróleo foi lá pra baixo, na casa dos US$ 30, e acabou, porra. Olha como estão vivendo agora”, justificou.

O discurso foi continuado por críticas a Cuba. Manifestou dúvidas sobre como recuperar a Argentina, que tem, segundo ele, em torno de 60 mil cubanos morando no país. 

“O Brasil botou em torno de 10 mil (cubanos) fantasiados de médicos aqui dentro em locais pobres para fazer células de doutrinação e guerrilha. Tanto que, quando cheguei, eles foram embora. Porque eu ia pegá-los. Não sabem responder (sobre aplicação de medicamentos). Estavam aqui doutrinando porque cada cabeça tinha um valor que mandava para Cuba. Davam em torno de R$ 100 milhões para a ditadura cubana”, criticou.

Com informações portal Correio Brasiliense


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