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22 de agosto de 2019

Bolsonaro associa queimadas na Amazônia a bloqueio de verbas para ONGs


O presidente Jair Bolsonaro demonstrou sensibilidade com o aumento das queimadas na região amazônica, mas, sem apresentar provas, e com discursos baseados em ilações, leituras próprias, sugeriu que o aumento dos focos de incêndios possam estar atrelados ao bloqueio de recursos imposto pelo governo federal para Organizações Não Governamentais (ONGs). Representantes dessas instituições poderiam estar promovendo os crimes para “chamar a atenção” contra o governo.

A teoria inventada por Bolsonaro foi dita em duas ocasiões ontem (21/08). A primeira declaração foi dita na saída do Palácio da Alvorada, e a segunda, durante pronunciamento no Congresso Aço Brasil. 

“A questão da queimada, no meu entender, pode ter sido potencializada por ONGs, pois perderam dinheiro”, declarou aos empresários no evento, realizado em Brasília.

Mais cedo, ele destrinchou melhor a teoria, deixando claro que trata-se de uma análise própria. “Não to afirmando. Temos que combater o crime, depois a gente vê o possível responsável pelo crime. Mas, no meu entender, há interesse dessas ONGs que representam interesses de fora do Brasil”, criticou.

Para Bolsonaro, há uma “guerra da informação” em curso no país, da qual ele acredita que essas organizações estão vencendo, por supostamente transmitirem a imagem de que o governo é o “vilão”. “É isso que o tempo todo tento alertar o povo”, disse.

“Pode estar havendo -- pode, não estou afirmando -- ação criminosa desses ‘ongueiros’ para, diretamente, chamar a atenção contra minha pessoa, contra o governo do Brasil. Vamos fazer o possível e impossível para conter esses incêndios criminosos”, declarou. O governo, garantiu Bolsonaro, é sensível à pauta. “O governo não está insensível para isso. O Ibama está agindo, mas pode imaginar o tamanho da Amazônia”, destacou.

O presidente informou que o governo está, desde terça-feira (20), conversando com os ministérios da Defesa, do Meio Ambiente e da Justiça para poder ajudar a combater as queimadas. “A Justiça pode mandar, acredite, 40 homens da Força Nacional para lá. É uma gota d’água no oceano. As Forças Armadas podemos e devemos, a partir de amanhã, enviar unidades ali da região porque não tem como deslocar daqui (Brasília) para lá (Amazônia), pois vai faltar comida a partir de setembro”, explicou.

As ONGs estariam promovendo uma retaliação ao bloqueio de 40% de verbas que eram repassados a ONGs. “Não tem mais, acabamos também o repasse de ONGs e órgãos públicos de modo que esse pessoal está sentindo falta do dinheiro”, comentou. As próprias organizações, pelo que deu a entender Bolsonaro, estariam filmando as queimadas. 

“Parece que foi tocando em alguns lugares estratégicos imagens da Amazônia toda. Como pode? Nem vocês (da imprensa) teriam condições de, em todo lugar, estar tocando fogo para filmar e mandar para fora. Pelo que tudo indica, mandaram o pessoal para filmar e tacar fogo. Esse é o meu sentimento. Agora, devemos combater o crime e, depois, buscar os criminosos”, ponderou.

Sobrou até mesmo para os governadores da região Norte. Para Bolsonaro, alguns são coniventes diante do atual quadro de incêndios.

“Tem governador, que não quero citar o nome, que está conivente com o que está acontecendo e bota culpa no governo (federal). Tem estados aí na região Norte, que não quero citar, que o governador não está movendo uma palha para ajudar a combater incêndios, pois está gostando disso aí. Não quero criticar (nominalmente), pois depois o governador vem com contragolpe pra cima de mim, mas isso é uma realidade”, criticou.

“Pergunte o que os governos estaduais estão fazendo. Liguem para a assessoria de imprensa deles. Tem governo estadual que não fez nada. Mas pode fazer”, acrescentou.

Com informações portal Correio Brasiliense

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