Após quase duas horas de discussão, a proposta favorável às mulheres foi aprovada por 344 votos (Foto: Michel Jesus) |
Aprovado
o texto-base da reforma da Previdência, na última quarta-feira, o plenário da
Câmara faz os últimos ajustes à matéria antes de enviá-la ao Senado. Os
deputados passaram a noite desta quinta-feira (11/7) e a madrugada desta
sexta-feira (12/7) votando destaques, que são sugestões de mudança à proposta
de emenda à Constituição (PEC) 6/2019. Depois de mais um dia de negociações
entre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), lideranças partidárias e a
equipe econômica do governo, eles concordaram em alterar as regras propostas
para mulheres, policiais e professores.
Aprovada
por 344 votos, após quase duas horas de discussão, a primeira mudança foi
proposta pela bancada feminina, protocolada pelo DEM, e deve custar R$ 18
bilhões em 10 anos, segundo o líder da maioria, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).
Embora atenda a algumas demandas das mulheres, como aumentar o benefício para
as que tiverem mais tempo de contribuição, a aprovação da emenda derrubou outra
proposição, apresentada pelo PCdoB, que retirava qualquer possibilidade de
pensão abaixo de um salário mínimo.
Como
elas tratavam do mesmo tema, Maia descartou a análise da segunda, que
desidrataria a reforma em R$ 20 bilhões a mais do que a que foi aprovada.
Deputados da oposição reclamaram da manobra do presidente da Casa, que mudou a
ordem de votação dos destaques para votar primeiro o da bancada feminina, o que
prejudicaria o que tratava especificamente da pensão.
A
emenda aprovada melhora as regras das mulheres, mas ainda permite que viúvas
recebam benefício abaixo de um salário mínimo, caso tenham alguma renda formal.
O texto-base era mais duro, porque só permitia o mínimo se a pensionista e
dependentes não tivessem nenhum outro tipo de renda. Para pacificar o assunto,
o secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, anunciou que
o governo editará uma portaria que vai garantir que a pensão volte a ser de um
salário mínimo quando o beneficiário perder a fonte de renda.
A
situação das mulheres também melhorou com a garantia, prevista na emenda da
bancada feminina, de que a aposentadoria delas aumentará 2% a cada ano que
exceder 15 anos de contribuição, quando terão direito a 60% do benefício. O
texto-base já previa os 15 anos de contribuição, cinco a menos do que é exigido
dos homens, mas o benefício só seria maior do que 60% depois que elas
completassem 20 anos de contribuição.
Especiais
Até
a 0h50, restavam nove emendas para serem avaliadas pelo plenário. Em conversas
com o presidente da Câmara, os líderes partidários exigiram também mudanças
para policiais e professores. Ao sair do gabinete da Presidência da Câmara, na
tarde desta quinta-feira (11/7), o líder do MDB na Casa, Baleia Rossi (SP),
afirmou que as alterações para as duas categorias já estavam “praticamente
fechadas”. E, de fato, já na madrugada, o destaque que beneficia policiais foi
aprovado por 467 votos.
Pelo
texto, policiais federais, rodoviários federais, ferroviários federais,
legislativos e civis do Distrito Federal, além de agentes penitenciários e
socioeducativos, poderão se aposentar aos 52 anos (mulheres) e 53 anos
(homens), com pedágio de 100% do tempo restante na ativa. A medida cortaria R$
6 bilhões dos ganhos com a reforma.
Até
o fechamento desta edição, não havia sido avaliado o destaque referente aos
professores, proposto pelo PDT, que reduz a idade mínima para aposentadoria, 58
para 55 anos, para homens, e de 55 para 52 anos, para mulheres. Além disso,
eles precisariam pagar um pedágio de 100% sobre o tempo restante de trabalho,
ou seja, se faltar um ano para a aposentadoria, precisará trabalhar dois.
Sem
sucesso
Os
deputados rejeitaram a maior parte dos destaques. Um deles, proposto pelo PSol,
buscava manter o pagamento do abono salarial para quem ganha até dois salários
mínimos (R$ 1.996), como é hoje, em vez de limitar para quem ganha até R$
1.364,43, como foi aprovado na quarta-feira. O plenário também não aceitou a
proposta do Cidadania, que retiraria da Constituição os requisitos para a
concessão do Benefício de Prestação Continuada (BPC).
Parte
da oposição também tentou reduzir o tempo de contribuição para aposentadoria
dos homens, de 20 para 15 anos, que poderia ser feito por meio da aprovação de
um destaque apresentado pelo PSB. O líder da oposição na Casa, Alessandro Molon
(PSB-RJ), se encontrou com Maia para discutir o assunto, mas eles não fecharam
nenhum acordo.
Como
o plenário fez mudanças no texto, por meio de destaques, ele ainda precisa
voltar para a Comissão Especial, antes da avaliação em segundo turno pelo
plenário. A expectativa de Maia é de manter nesta sexta-feira (12/7) a
força-tarefa pela aprovação da PEC. De manhã, a ideia é ter reunião no
colegiado, para que o texto possa ser pautado em segundo turno à tarde.
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