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19 de junho de 2019

The Intercept publica novo diálogo em que Moro diz temer que investigação melindre FHC


Nova reportagem do portal The Intercept Brasil reproduz conversa entre o hoje ministro da Justiça Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol na qual o ex-juiz admite receio de que uma investigação possa causar incômodo ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

Na troca de mensagens revelada por Intercept, de abril de 2017, Moro dirige-se ao coordenador da Lava Jato e diz achar uma eventual apuração contra FHC "questionável, pois melindra alguém cujo apoio é importante".

O diálogo se segue à divulgação de que informações sobre possíveis repasses da empreiteira Odebrecht para as campanhas presidenciais do tucano em 1994 e 1998 tinham sido encaminhadas pela Lava Jato ao Ministério Público em São Paulo.

Noutro trecho, o site exibe conversas de procuradores que haviam detectado indícios de irregularidades em doações para o Instituto Fernando Henrique Cardoso, entre 2011 e 2012. Um dos promotores, Roberson Pozzobon, sugere então que a entidade seja alvo de diligência juntamente com o Instituto Lula, também na mira do Ministério Público Federal.

O plano logo é abandonado, aponta o Intercept, porque os membros da força-tarefa demonstram preocupação de que a defesa do instituto de FHC acabe por favorecer a de Lula no processo.

Em nota publicada ontem, o Ministério da Justiça voltou a negar a validade das conversas mostradas pelo site. A pasta "não reconhece a autenticidade de supostas mensagens obtidas por meios criminosos, que podem ter sido editadas e manipuladas, e que teriam sido transmitidas há dois ou três anos".

O comunicado registrou ainda nunca ter havido "interferência no suposto caso envolvendo o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que foi remetido diretamente pelo Supremo Tribunal Federal a outro juízo, tendo este reconhecido a prescrição".

Também por nota, o MPF repetiu argumento do Ministério da Justiça e disse que a petição nº 6.794, relacionada ao caso de FHC, foi apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao STF e encaminhada em seguida à Justiça em São Paulo.

"Ou seja, o caso sequer era de atribuição da força-tarefa Lava Jato de Curitiba e ela não teve qualquer participação na decisão de seu envio para outra unidade do Ministério Público Federal ou na análise de eventual prescrição", defendeu a Lava Jato.

A nota segue criticando o The Intercept, que acusa de "tendencioso" e cuja reportagem pretende "criar artificialmente uma realidade inexistente que dê suporte a teses que favoreçam o ex-presidente Lula".

De acordo com o MPF, o site "continua a fabricar narrativa político-partidária a partir de diálogos cuja autenticidade e integridade insiste em não submeter à comprovação". O texto conclui afirmando que "diálogos inteiros podem ter sido forjados pelo hacker ao se passar por autoridades e seus interlocutores" e que uma "informação conseguida por um hackeamento ilegal traz consigo dúvidas inafastáveis".

Com informações portal O Povo Online

Clique aqui e leia a íntegra dos diálogos

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