O projeto do senador Randolfe Rodrigues foi aprovado com 47 votos favoráveis e 28 contrários (Foto: Moreira Mariz) |
Apesar
da pressão do presidente Jair Bolsonaro (PSL), o Senado derrubou ontem (18/06) por
47 votos a 28 o decreto que flexibiliza as regras para o porte de armas. Foi a
maior derrota imposta pelo Senado ao governo. Antes da votação, Bolsonaro usou
redes sociais, eventos públicos e entrevistas para pedir votos. E ligou
pessoalmente para senadores. "Não deixem o projeto morrer", disse
ontem, em dois eventos.
A
decisão pode ser revertida na Câmara, mas o presidente da Casa, Rodrigo Maia
(DEM-RJ), já sinalizou que a proposta também não deve prosperar por lá. "O
governo tem uma defesa do decreto que acho frágil, mas respeito", afirmou
Maia.
Os
aliados já estudam um "plano B". "Temos de buscar uma
alternativa, retirar um ponto ou outro, mas manter a espinha dorsal desse
decreto das armas", afirmou a líder no Congresso, Joice Hasselmann
(PSL-SP).
Há
duas estratégias em curso no governo: a primeira é de avançar projetos de leis
que já estão em tramitação no Parlamento. Um deles seria a proposta do
ex-senador Wilder Morais (PP-GO) que permite a posse de arma em toda
propriedade rural e não só no imóvel. O texto já foi aprovado na Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ).
A
outra estratégia é questionar no Supremo a decisão do Congresso de derrubar o
decreto. Parlamentares governistas alegam que os decretos legislativos que
tentam barrar as modificações discutem o mérito da proposta e a possibilidade
de o presidente decidir sobre a questão.
O
ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, afirmou "ter certeza" de que
o STF vai julgar, na semana que vem, procedentes os decretos editados por
Bolsonaro para facilitar a aquisição, registro, posse, porte e comercialização
de armas de fogo. Mas o STF já impôs uma derrota ao governo ao impedir que o
presidente acabasse com conselhos criados por lei por meio de um decreto.
O próprio Bolsonaro já
falou ontem em uma alternativa, sem precisar da aprovação legislativa: vai
determinar ao ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) que a Polícia
Federal não dificulte quem quiser ter armas em casa. "A Polícia Federal
está sob meu comando. No Brasil o grande 'reclamo' do pessoal do passado era
que a PF, na questão de efetiva necessidade, tinha dificuldade (em analisar os
casos de porte). Eu, como presidente, isso vai ser atenuado. Vou determinar ao
ministro Sergio Moro."
Ontem,
senadores criticaram o modo como as mudanças da regra sobre porte chegaram ao
Congresso. "O Senado não se intimida com esse bombardeio de robôs, de
maníacos, reacionários, que acham que não é através do diálogo, da lei e da
polícia que se resolvem as coisas", disse a senadora Kátia Abreu (PDT-TO).
Os
senadores cearenses Cid Gomes (PDT), Eduardo Girão (Podemos) e Tasso Jereissati
(PSDB) votaram pela derrubada do decreto.
Com
base em um parecer jurídico da consultoria do Senado, parlamentares contrários
à proposta afirmaram que o Planalto extrapolou suas prerrogativas. O texto,
segundo a consultoria, tinha nove pontos inconstitucionais e abria brechas para
facilitar o acesso a uma arma.
Entre
esses está o de permitir que pessoas enquadradas em "atividade
profissional de risco" e no parâmetro de "ameaça à integridade
física" possam ter uma arma, o que inclui até mesmo advogados e
jornalistas.
Entre
os defensores estava o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente,
que passou o dia telefonando para colegas e fez um dos discursos mais enfáticos
em defesa das normas assinadas pelo pai. Flávio afirmou que o Congresso não
poderia anular o decreto. "O projeto de decreto legislativo é claramente e
flagrantemente inconstitucional."
Com
informações portal O Povo Online
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