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17 de junho de 2019

Moro tenta fazer de crise um plebiscito da Lava Jato

De julgador, Moro passou a ser julgado nas ruas e redes sociais (Foto: Arquivo DCM)
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, traçou uma estratégia para transformar o vazamento da troca de mensagens atribuídas a ele, quando juiz, e a procuradores da força-tarefa em uma espécie de plebiscito dos que são contra e a favor da Lava Jato. A contraofensiva tem o aval do Planalto e foi discutida com o próprio presidente Jair Bolsonaro após a análise de pesquisas encomendadas pelo governo sobre o episódio, além do monitoramento das redes sociais.

Os resultados indicaram que o apoio à Lava Jato — operação sempre associada ao combate à corrupção — supera a desconfiança em relação ao conteúdo de conversas pelo celular entre Moro e o procurador Deltan Dallagnol. Foi somente após essa avaliação que Bolsonaro quebrou o silêncio e saiu em defesa de Moro, um dos pilares de sustentação de seu governo.

Apesar de destacar o legado do ministro, o presidente disse que não existe confiança 100%. "Eu não sei das particularidades da vida do Moro. Eu não frequento a casa dele. Ele não frequenta a minha casa por questão até de local onde moram nossas famílias. Mas, mesmo assim, meu pai dizia para mim: 'Confie 100% só em mim e minha mãe'", afirmou Bolsonaro no sábado.

A declaração foi feita um dia após novas conversas divulgadas pelo site The Intercept Brasil indicarem que Moro teria pedido aos procuradores da Lava Jato a produção de uma nota à imprensa para responder o que chamou de "showzinho" da defesa do ex-presidente Lula, depois do depoimento do petista no caso do triplex do Guarujá. O ministro não reconheceu a autenticidade da mensagem.

A tática para blindar Moro e afastar a crise do Planalto consiste em jogar a opinião pública contra deputados, senadores e até ministros do STF que tentarem vincular os diálogos vazados a ilegalidades em julgamentos, como o de Lula, preso desde abril do ano passado. O argumento usado contra os críticos é o de que existe uma "orquestração" para esvaziar a Lava Jato.

Quem conversou com Moro, nos últimos dias, encontrou um homem abatido. Apesar de dizer que não cometeu conduta imprópria à época em que era o superpoderoso juiz de Curitiba, ele pareceu constrangido de ter o nome envolvido em um escândalo. De julgador, passou a ser julgado.

"Fui vítima de um ataque criminoso de hackers. A Operação Lava Jato foi um trabalho muito sério, profissional e difícil, feito a um grande custo pessoal de todos os envolvidos no caso. Sempre me pautei pela legalidade", afirmou Moro.

No Congresso, o movimento da oposição e do centrão ainda não é para abrir a "CPI da Vaza Jato", mas, sim, para deixar Moro "sangrar" em praça pública. Quando juiz, ele foi algoz de vários parlamentares e até hoje enfrenta resistências para a tramitação de seu pacote anticrime, que prevê o combate à corrupção, ao crime organizado e à criminalidade violenta.

Com informações portal O Povo Online

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