Dias Toffoli, Rodrigo Maia, Jair Bolsonaro e Davi Alcolumbre no Palácio do Planalto ( Foto: Marcos Correa) |
Ponto
para quem consegue compreender a lógica por trás das escolhas do governo Jair
Bolsonaro (PSL). Chegando à marca do sexto mês de gestão, ainda é difícil dizer
o que exatamente quer o presidente para além das pendengas ideológicas de
sempre. Veja, por exemplo, a semana passada. Começou com o governo insuflando
protestos - apesar da encenação de afastamento feita de última hora - contra o
Congresso, chegou ao meio com Bolsonaro propondo um pacto entre os três Poderes
e terminou com o presidente atacando decisão do Supremo Tribunal Federal (STF)
sobre a homofobia e dando "recado" à Corte: "Será que não está
na hora de termos um ministro do STF evangélico?".
O
ataque passou despercebido pelo presidente do Supremo, Dias Toffoli (que parece
empenhado em apagar do passado sua antiga relação com o PT), mas recebeu
respostas duras de três ministros. Foi, afinal, quase uma afronta com uma Corte
que deveria ter compromisso apenas com a Constituição.
No Brasil real, pouco preocupado com comunismo ou com quem é o patrono da educação, as coisas não vão nada bem: com sucessivas quedas na previsão do PIB e o desemprego em 13 milhões, Paulo Guedes já estuda liberar até o PIS-Pasep e FGTS para alavancar o consumo. E nada de resposta positiva do mercado.
No Brasil real, pouco preocupado com comunismo ou com quem é o patrono da educação, as coisas não vão nada bem: com sucessivas quedas na previsão do PIB e o desemprego em 13 milhões, Paulo Guedes já estuda liberar até o PIS-Pasep e FGTS para alavancar o consumo. E nada de resposta positiva do mercado.
Vendida
até recentemente como a panaceia para todos os problemas do Brasil, a reforma
da Previdência já dá sinais de que, pelo andar da carruagem, deve sair bem
menor que a encomenda. Na semana passada, o próprio Bolsonaro disse ter pedido
a Guedes que excluísse da reforma a redução de pensões de grande parte das
pessoas com deficiência.
O clamor teria partido da primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Sim, é isso mesmo: o presidente reduz o principal projeto de seu governo não com base em estudos técnicos ou em discussões aprofundadas, mas a partir de um pedido de dentro de casa. Imagina quando a reforma for bater de vez na votação do Congresso, hoje com poucos motivos para apoiar o governo.
O clamor teria partido da primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Sim, é isso mesmo: o presidente reduz o principal projeto de seu governo não com base em estudos técnicos ou em discussões aprofundadas, mas a partir de um pedido de dentro de casa. Imagina quando a reforma for bater de vez na votação do Congresso, hoje com poucos motivos para apoiar o governo.
Até
agora, Bolsonaro tem dado poucas propostas definitivas sobre essas questões.
Sempre que tem oportunidade (ou até quando não tem, via Twitter), dispara falas
que nada apaziguam e mais lembram o candidato em campanha - cheio de opiniões
polêmicas, vazio de projetos.
No final do mês passado, o presidente conseguiu ganhar sobrevida política levando milhares de pessoas às ruas pela defesa de seu governo. Nos dias seguintes às mobilizações, nada fez para instrumentalizar esse fôlego a favor das reformas ou da própria gestão.
No final do mês passado, o presidente conseguiu ganhar sobrevida política levando milhares de pessoas às ruas pela defesa de seu governo. Nos dias seguintes às mobilizações, nada fez para instrumentalizar esse fôlego a favor das reformas ou da própria gestão.
Assim,
fica difícil acreditar na capacidade do Planalto em pactuar qualquer coisa.
Publicado
originalmente no portal O Povo Online
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