A
chuva não intimidou os paulistanos neste domingo (02/06). Cerca de 80 mil pessoas,
segunda a organização, passaram pela terceira edição do Festival Lula Livre,
que contou com a apresentação de dezenas de artistas de diversos estilos.
Palavras de ordem pela liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
estiveram presentes do começo ao fim do festival.
"Esse
é um momento histórico. A prisão do Lula nada mais é do que privar a nossa
liberdade de expressão. Todo mundo sabe que o Lula tem muita gente ao lado dele
e, a partir do momento que encarceram ele, eles também encarceram a nossa voz,
alguém que fala por nós e nos ajuda a chegar mais longe", afirmou Mel
Duarte, poetisa e integrante do grupo Slam das Minas.
Além
de condenar a prisão política do ex-presidente, várias artistas destacaram o legado
de algumas de suas políticas de combate à desigualdade e valorização da
cultura, por exemplo. Cantoras e compositoras, Bia Ferreira e Doralyce,
cantaram a música "Cota não é esmola", de autoria de Ferreira, uma
música em defesa da ação afirmativa de cotas para o ensino superior.
"O
sentimento de estar aqui hoje é de agradecimento, porque se a gente faz o que a
gente faz hoje, é porque a gente teve oportunidade de ter acesso à informação.
E esse acesso só veio depois do governo Lula, e é preciso falar disso. Muitas
pessoas pretas tiveram acesso à educação, à cultura, à saúde. E a gente não
pode esquecer, não pode deixar morrer, tudo que esse homem fez pelo povo preto,
pela tentativa de ter uma igualdade racial no Brasil", expressou Bia
Ferreira.
A
multidão que se concentrou na praça não se importou com a forte chuva que caiu
durante todo o dia. A organização do evento celebrou a diversidade vista entre
os manifestantes. Para Paulo Okamoto, presidente do Instituto Lula, "um
festival como este, com a presença de muitos artistas, muitos músicos,
discutindo o que significa a prisão injusta de um inocente como Lula é uma
coisa extraordinária, porque gente consegue de uma outra forma, chamar a
atenção de outras pessoas sobre os problemas que o nosso país enfrenta. Um país
que enfrenta ataques aos direitos civis, à educação, à saúde".
Durante
o festival, o público se manifestou em diversos momentos pedindo por justiça a
Lula. A assistente social Ruane Gomes, que saiu de Limeira, interior de São
Paulo, para acompanhar o ato, alertou para a falta de provas para a condenação
de Lula.
"Nós
já temos uma série de comprovações de que nenhuma das provas consegue realmente
dizer pra gente que o Lula cometeu de alguma forma algum crime. E se não há
provas, não há porque ele estar preso", expressou.
José
Paes de Lira Filho, mais conhecido como Lirinha, foi um dos vários artistas
presentes representando o Nordeste. "Estou hoje em uma praça pública da
maior cidade do nosso país, engrossando o coro da população por Lula Livre.
Essa prisão simboliza todas as injustiças que fazem parte da história da nossa
querida nação".
O
cantor e compositor pernambucano Otto, destacou a singularidade do
ex-presidente: "O único líder no mundo capaz de reunir uma massa destas é
Lula, e é pelo que ele fez por esse país. Devolvam Lula ao povo! Não façam isso
com uma pessoa de 74 anos, que trabalhou, que amou e que foi honesto com este
país".
O
ex-presidente enviou uma carta para o festival, que foi lida pelo seu neto
Tiago. "Agradeço de coração a cada uma e a cada um de vocês, artistas e
público, que nesse 2 de junho fazem da praça da República a Praça da
Democracia. Embora tenha o nome de “Festival Lula Livre”, sei que esse é muito
mais que um ato de solidariedade a um preso político. O que vocês exigem é
muito mais que a liberdade do Lula. É a liberdade de um povo que não aceita
mais ser prisioneiro do ódio, da ganância e do obscurantismo", afirmou o
ex-presidente no texto.
Confira
os artistas que passaram pela terceira edição do Festival Lula Livre: Emicida,
Rael, Criolo, Baiana System, Aíla, Dead Fish, Chico César, Filipe Catto,
Mombojó, Odair José, Otto, Thaíde, Junu, Everson Pessoa, Unidos do Swing,
Francisco El Hombre, Arnaldo Antunes, Slam das Minas, Bia Ferreira, Doralyce
Soledad, Lirinha, Ilú Oba de Min, André Frateschi e banda, Márcia Castro, Zeca
Baleiro, Isaar, Junio Barreto, Fernanda Takai, MC Poneis, Tulipa, Chico Chico e
Duda Brack, Mistura Popular, Triz, Anelis Assumpção e Drik Barbosa.
Com
informações portal Brasil de Fato e fotos de Ricardo Stuckert
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