Troca
de mensagens entre os procuradores Deltan Dallagnol e Carlos Fernando dos
Santos Lima mostra que a também procuradora Laura Tessler foi substituída na
audiência do ex-presidente Lula após críticas do então juiz Sergio Moro.
As informações, que
fazem parte dos dados obtidos por The Intercept Brasil, foram reveladas ontem (20/06) pelo jornalista Reinaldo Azevedo, em seu programa na rádio BandNews. Segundo o
diálogo mostrado por Azevedo, Dallagnol, coordenador da Operação Lava Jato,
encaminhou a Santos Lima uma observação feita por Moro sobre o desempenho de
Tessler em março de 2017.
"Prezado,
a colega Laura Tessler de vocês é excelente profissional, mas para inquirição
em audiência, ela não vai muito bem", disse o ex-magistrado e hoje titular
do Ministério da Justiça. "Desculpe dizer isso, mas com discrição, tente
dar uns conselhos a ela, para o próprio bem dela. Um treinamento faria bem.
Favor manter reservada essa mensagem."
Na
última quarta-feira, em sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do
Senado, Moro admitiu o conselho quando questionado por um parlamentar, mas
negou que tenha interferido nas estratégias do Ministério Público Federal
(MPF).
Dirigindo-se
a Nelsinho Trade (PSD), que o interpelara, o ministro respondeu: "Senador,
pelo teor das mensagens, se elas forem autênticas, não têm nada de anormal
nessas comunicações. O exemplo que vossa excelência colocou é o claro exemplo
de um factoide".
As
conversas expostas por Azevedo ontem, porém, indicam que o conselho do ex-juiz
foi levado a sério pelos integrantes da Lava Jato. Antes de repassar a
avaliação de Moro a Santos Lima, Dallagnol demonstrou preocupação com a
segurança.
"Não
comenta com ninguém e me assegura que teu Telegram não tá aberto aí no
computador e que outras pessoas não estão vendo por aí, que falo",
escreveu o coordenador da força-tarefa em Curitiba.
Em
seguida, enviou a mensagem do ex-magistrado sobre Laura e acrescentou:
"Vamos ver como está a escala e talvez sugerir que vão 2 (procuradores), e
fazer uma reunião sobre estratégia de inquirição, sem mencionar ela".
Santos Lima devolveu: "Por isso tinha sugerido que Júlio ou Robinho fossem
também. No do Lula não podemos deixar acontecer".
Em
maio daquele ano, quando o ex-presidente Lula depôs na Justiça Federal no caso
do triplex de Guarujá, pelo qual seria condenado a 12 anos de prisão, a
procuradora Laura Tessler não participou. Naquela ocasião, integraram a equipe
do MPF Júlio Noronha e Roberson Pozzobon.
Até
o fim da noite de ontem, o Ministério da Justiça não havia se manifestado
oficialmente sobre as suspeitas. Em transmissão ao vivo nas redes sociais, o
presidente Jair Bolsonaro (PSL) não tratou do assunto.
Com
informações portal O Povo Online
Nenhum comentário:
Postar um comentário
A Administração do Blog de Altaneira recomenda:
Leia a postagem antes de comentar;
É livre a manifestação do pensamento desde que não abuse ou desvirtuem os objetivos do Blog.