“O Brasil se une pela educação” dizia faixa estendida na Avenida Faria Lima em São Paulo (Foto: Miguel Schincariol) |
Estudantes
e representantes de entidades estudantis e de sindicatos de trabalhadores
participam ontem (30/05), em várias cidades do país e também no exterior, de
atos contra o contingenciamento de verbas públicas para universidades federais.
Foi a segunda vez este mês em que os manifestantes foram às ruas em defesa de
manutenção de recursos para o ensino superior.
Na
capital paulista, os manifestantes concentraram-se inicialmente no Largo da
Batata, na região oeste da capital paulista. Por volta das 18h, o local estava
praticamente tomado por estudantes, professores universitários, da rede pública
estadual e municipal. Participam da mobilização também membros de sindicatos e
partidos políticos.
Antes
de os manifestantes saírem em passeata, uma aula pública foi ministrada por
professores da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) com o
tema “Educação ou barbárie, o compromisso do professor”. Em seguida, a
manifestação seguiu em sentido à Avenida Paulista.
Uma
grande faixa com a frase “O Brasil se une pela educação” foi estendida pelos
manifestantes na Avenida Brigadeiro Faria Lima.
Rio
de Janeiro
Milhares
de pessoas se concentraram, a partir das 15h, em frente à Igreja da Candelária,
na Avenida Presidente Vargas, no centro do Rio de Janeiro. Por volta das 18h,
todos seguiram pela Avenida Rio Branco, em direção à Cinelândia. Diferentemente
da última manifestação, quando todos se dirigiram para a Central do Brasil.
Entre os participantes do ato estavam estudantes, pais, professores e
funcionários de estabelecimentos de ensino. Não houve registro de confrontos.
Manifestação contra bloqueio de recursos para educação, no centro do Rio de Janeiro - (Foto: Fernando Frazão) |
As
universidades federais e estaduais do estado estavam representadas por faixas,
assim como instituições de ensino básico. Segundo o Centro de Operações da
prefeitura, o trânsito foi fechado nas avenidas Presidente Vargas, Rio Branco e
Antônio Carlos.
Belém
A
manifestação contou com a participação de petroleiros e portuário na capital
paraense. Além de protestar contra o contingenciamento de recursos para a
educação anunciado pelo governo federal em função da crise fiscal, os
participantes do ato criticaram as propostas de mudanças nas regras da
Previdência Social e de privatização de empresas públicas, como a Eletrobras e
as companhias Docas.
Manifestantes
interditaram uma via de acesso ao terminal portuário de Miramar. Segundo a
administradora do terminal, a Companhia Docas do Pará (CDP), a interdição de um
trecho da Rodovia Salgado Filho, que dá acesso ao porto, não chegou a afetar a
movimentação de cargas no terminal. A Polícia Militar não divulgou o número de
manifestantes, mas informou que o ato foi pacífico e que o tráfego de veículos
já foi normalizado.
São
Luís
Uma
exposição de projetos de pesquisa acadêmica desenvolvidos em quatro
instituições de ensino federais e estaduais foi montada na Praça Deodoro, no
centro, local de concentração para a caminhada. Entre as atividades oferecidas
à população que passou pelo local, foi possível simular o cálculo de tempo para
aposentadoria caso as novas regras propostas sejam aprovadas pelo Congresso
Nacional.
Também
na capital maranhense, um grupo de estudantes universitários se concentrou em
frente à Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Entre as 6h30 e as 9h30, os
estudantes bloquearam o acesso ao campus, com exceção do ingresso de funcionários
do Instituto Médico-Legal (IML) e dos participantes de um evento acadêmico e de
um concurso público cuja prova está sendo aplicada no local. Os estudantes
também distribuíram panfletos explicando a motivação dos atos que ocorrem em
todo o país.
Em
nota, a reitoria da UFMA apoia as manifestações, classificando-as como “um
marco histórico fundamental para que se reveja essa decisão e se compreenda que
a educação é um investimento no futuro do país e a possibilidade de
desenvolvimento social, cultural, tecnológico e humano”. A reitoria sugere que
nenhuma atividade acadêmica que inviabilize a participação dos estudantes,
técnicos-administrativos e docentes da instituição seja realizada durante o
dia.
Salvador
Centenas
de pessoas participaram de uma caminhada pelas ruas da região central. Os
primeiros manifestantes chegaram ao Largo Campo Grande, local de concentração,
pouco antes das 9h. Uma hora depois, os estudantes e trabalhadores da educação
já ocupavam parte da Avenida Sete de Setembro, por onde seguiram em caminhada
com destino à Praça Castro Alves, a cerca de 2 quilômetros de distância.
Segundo
informe divulgado às 12h30 pela Superintendência de Trânsito de Salvador
(Transalvador), o protesto contra o contingenciamento de verbas da educação
deixa o trânsito lento em toda a região central da capital soteropolitana.
Guarnições da Polícia Militar acompanharam o ato.
Ao
divulgar a 5ª Pesquisa Nacional de Perfil dos Graduandos, a Universidade
Federal da Bahia (UFBA) afirmou, em nota, que precisa de recursos para atender
satisfatoriamente às demandas estudantis já que, segundo a instituição, o corpo
discente é formado por jovens de menor poder aquisitivo, sobretudo mulheres e
negros. A UFBA afirma que, embora o anúncio de contingenciamento feito pelo MEC
não atinja diretamente as políticas de assistência estudantil, estas deverão
ser “severamente impactada na medida em que o funcionamento geral da
universidade fique comprometido”. Ainda de acordo com a universidade, três de
cada quatro alunos matriculados são negros e de baixa renda, mas apenas um
deles já teve acesso às políticas assistenciais.
Brasília
Na
capital federal, estudantes e trabalhadores da área de educação deram a volta
na Esplanada dos Ministérios, na região central, com faixas e cartazes pedindo
a liberação dos recursos do orçamento para a área da educação e a valorização
do ensino público.
A
mobilização começou no meio da manhã em frente ao Museu da República. Ao
meio-dia, os manifestantes usaram todas as faixas da pista para se deslocar em
passeata até o Congresso Nacional e subiram a pista passando em frente ao
Ministério da Educação. Por falta de autorização, o carro de som onde
estudantes e professores discursavam não pôde acompanhar a marcha.
Entre
os participantes do movimento também havia grupos manifestando contra a reforma
da Previdência e trabalhadores da área ambiental. Um grupo vestido de verde com
bandeiras da Associação Nacional de Servidores da Carreira de Especialista de
Meio Ambiente (Ascema Nacional) pedia mudanças na política de meio ambiente.
Segundo
o Ministério da Educação (MEC), o bloqueio de recursos se deve a restrições
orçamentárias impostas a toda a administração pública federal em função da
atual crise financeira e da baixa arrecadação dos cofres públicos. O bloqueio
de 30% dos recursos, inicialmente anunciado pelo MEC, diz respeito às despesas
discricionárias das universidades federais, ou seja, aquelas não obrigatórias.
Se considerado o orçamento total dessas instituições (R$ 49,6 bilhões), o
percentual bloqueado é de 3,4%.
O
MEC afirma também que do total previsto para as universidades federais (R$ 49,6
bilhões), 85,34% (ou R$ 42,3 bilhões) são despesas obrigatórias com pessoal
(pagamento de salários para professores e demais servidores, bem como
benefícios para inativos e pensionistas) e não podem ser contingenciadas.
De
acordo com o ministério, 13,83% (ou R$ 6,9 bilhões) são despesas
discricionárias e 0,83% (R$ 0,4 bilhão) diz respeito àquelas despesas para cumprimento
de emendas parlamentares impositivas – já contingenciadas anteriormente pelo
governo federal.
Com
informações portal Agência Brasil
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