A
baixa perspectiva de crescimento da economia brasileira e o aumento das
despesas com pessoal acendeu o sinal de alerta do Governo do Estado. Somente de
janeiro a abril deste ano, o ritmo dos gastos no Ceará subiu 9,71%, próximo aos
11% do ano inteiro de 2018.
Ontem (28/05), o secretário do Planejamento e Gestão, Mauro
Benevides Filho, anunciou um duro pacote de medidas de ajuste fiscal que prevê
desde o corte de R$ 390 milhões nas despesas de manutenção da máquina pública (custeio),
suspensão de concursos públicos, até reposição salarial apenas para algumas
categorias.
A
economia pretendida é próxima da feita em 2015, de R$ 396 milhões, quando foi
aplicado corte de 25% nas despesas das secretarias e redução de comissionados.
Embora os efeitos do pacote atual sejam mais difusos por prever impacto também
sobre despesas futuras.
Durante
o evento de lançamento do Observatório do Federalismo Brasileiro, Mauro
informou que parte deste enxugamento já começou a ser feito, algo em torno de
2%. Mas a ideia é reduzir até 10% do custeio, hoje estimado em R$ 3,9 bilhões,
até o fim do ano. "Vai do terceirizado até a consultoria, do papel, ao
combustível, passando por gastos com passagens aéreas".
Concursos
que estavam previstos para serem realizados neste ano - havia expectativa para
Polícia Militar, Controladoria Geral do Estado e Secretaria de Desenvolvimento
Agrário (SDA) - ficam suspensos temporariamente, bem como a homologação
daqueles já realizados e chamamento dos aprovados. "Em setembro faremos
uma nova apresentação e vamos fazendo a análise de acordo com a
necessidade", disse.
Tampouco
haverá reajuste aos servidores. O pacote prevê apenas reposição salarial, pela
inflação, para os 20 mil funcionários que recebem o salário mínimo (hoje de R$
998), e para as categorias que têm o piso regulado por lei federal, como
agentes de saúde e professores. Sendo que para este último grupo, por ser mais
numeroso, o incremento virá apenas em agosto.
O
secretário explica que as medidas são necessárias para garantir o equilíbrio
fiscal. Ele diz que, se por um lado, o Ceará tem se mantido como o estado que
mais fez investimentos públicos no País - 11% da Receita Corrente Líquida (RCL)
-, o que foi importante para ajudar a impulsionar a economia, por outro, trouxe
reflexos sobre as contas do custeio finalístico, ou seja, aquelas decorrentes
do aumento da infraestrutura, como mais escolas, ampliação do Batalhão do Raio,
postos de saúde etc.
Os
gastos com pessoal também saíram de uma variação média ao ano de 4,75%, em
2016, para 11%, em 2018. Foi o estado onde este tipo de despesa mais cresceu,
conforme o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Neste
ano, a situação se agravou. De janeiro a abril, o item subiu 9,71% ante igual
período de 2018. Fruto, segundo Mauro, do aumento no número de contratações,
principalmente na área de segurança pública (que responde por 70% da alta dos
gastos) e de acordos salariais firmados com as categorias em 2018, mas que se
refletiram nas contas a partir deste ano.
Ele
alerta que se estas despesas não forem controladas, muito em breve, o Estado
atingirá o limite prudencial previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF)
que estabelece o máximo de 46,55% da RCL. Hoje, pelo cálculo contábil do
Governo, este percentual está em 42,3%, mas pelas contas da Secretaria do
Tesouro Nacional, que inclui despesas previdenciárias, chegou a 46,02%.
"Chegando
nele o Estado fica impossibilitado de tomar empréstimos, fazer transferências
voluntárias, vai ter que fazer cortes objetivos de horas extras, de horas de
trabalho. Portanto, estamos nos antecipando neste controle de gastos para poder
continuar fazendo investimentos e não ficar patinando no seu crescimento
econômico", acrescenta Mauro.
A
meta é trazer de volta a taxa de crescimento dos gastos com pessoal a 8%, que
tem sido a média de crescimento da arrecadação própria. Redução de incentivos
fiscais e mais impostos, por enquanto, estão descartados, assegurou a
secretária da Fazenda, Fernanda Pacopahyba. Ela ressalva que há ainda algumas
discussões de atualização da substituição tributária pendentes com setores como
rochas, lácteos, madeira e açúcar. "Estamos basicamente trabalhando no
combate à sonegação e em tecnologia para melhorar a arrecadação".
Mudanças
na Lei Kandir e o avanço das discussões sobre os royalties dos excedentes do
leilão do Pré-Sal também podem trazer incremento das receitas transferidas ao
Estado.
Com
informações portal O Povo Online
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