Abraham Weintraub foi convocado para debate sobre o bloqueio de verbas de universidades e institutos federais (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom) |
Ministro
da Educação, Abraham Weintraub admitiu ontem (15/05) durante audiência na Câmara dos
Deputados que recebeu uma ligação de Jair Bolsonaro (PSL) um dia antes, mas
que, no telefonema, disse ao presidente que não havia cortes de 30% no
orçamento das universidades.
"Os
deputados ouviram o presidente falando comigo, mas não eu falando com o
presidente", disse Weintraub, que foi convocado a prestar esclarecimentos
sobre o represamento de recursos nas instituições de ensino superior em sessão
que começou às 15 horas e se encerrou às 21h.
Entre
os parlamentares a quem o ministro se referia, estava o cearense Capitão Wagner
(Pros), que relatou ao O POVO na terça-feira passada ter presenciado ligação na
qual Bolsonaro determinara que o seu auxiliar suspendesse o congelamento de
verbas.
A
versão foi negada no mesmo dia por Onyx Lorenzoni (Casa Civil), MEC e a líder
do governo no Congresso, deputada Joice Hasselmann (PSL), que tratou o episódio
como "boato barato".
 Questionado por Wagner
sobre o teor da conversa com Bolsonaro, o ministro acrescentou: "Eu falei:
'Presidente, não está havendo corte algum, o que está havendo é
contingenciamento'". Segundo o titular do MEC, o pesselista então teria
respondido: "Maravilha, então não tem corte".
Weintraub
reforçou também que chegou a conversar horas depois com o chefe do Executivo
sobre os motivos pelos quais ele havia retido dinheiro de custeio das
universidades e institutos de todo o País - apenas no Ceará, a suspensão soma
R$ 108 milhões das quatro instituições federais.
"Foi
um mal-entendido, não foi mentira", disse a Wagner a respeito da ligação
telefônica. "Eu entendo essa angústia de todos." E repetiu: "É
3,5% de contingenciamento". O deputado, porém, não se convenceu.
"De
fato não escutamos (a resposta do ministro da Educação), mas o presidente
afirmou pra gente que não haveria mais corte. Houve a determinação (da
suspensão)", enfatizou o congressista em conversa após a sessão dessa
quarta-feira.
Para
ele, Weintraub não ofereceu respostas convincentes às perguntas que os colegas
de Casa haviam formulado no curso das seis horas de sessão. "Tem poucos
ministros que assimilam o debate no Congresso. Sergio Moro (Justiça) e Tarcísio
Gomes (Infraestrutura), por exemplo", citou. "Já o ministro da
Educação não deu respostas satisfatórias. Foi mais ideológico que
técnico."
Durante
sua passagem pelo plenário da Câmara, Weintraub apresentou slides de Power
Point com as prioridades para a gestão do MEC, mas não se aprofundou sobre a
base técnica para o contingenciamento dos recursos. Entre uma pergunta e outra,
o ministro elevou o tom e debochou de deputados.
"Fui
bancário. Carteira assinada, viu? Azulzinha, não sei se vocês conhecem",
ironizou quando indagado por um parlamentar. Houve tumulto e ameaça de
confronto físico entre Carla Zambelli (PSL-SP) e Talíria Petrone (Psol-RJ). Os
deputados Glauber Braga (Psol-RJ) e Éder Mauro (PSD-PA) se desentenderam e
quase brigaram.
A
sessão seria interrompida momentaneamente outras vezes, como quando o ministro
afirmou que era ficha-limpa, e questionou se a maior parte dos políticos
presentes poderia dizer o mesmo.
Deputada
federal pelo PCdoB do Rio de Janeiro, Jandira Feghalli perguntou ao ministro se
ele reafirmava declaração que dera a uma revista segundo a qual
"comunistas mereciam uma bala na cabeça".
"Não
tenho passagem pela polícia por ameaça, agressão", devolveu Weintraub.
"Não tenho processo trabalhista. Minha ficha é limpíssima, não tenho
mácula. Tiveram que voltar 30 anos na minha vida para obter um boletim ruim
porque eu tinha arrebentado o meu braço, obtido de forma ilegal", disse.
"Outra coisa, bala na cabeça, quem prega, não é esse lado aqui."
Apesar
dos esforços do ministro, todavia, o resultado de sua participação na Câmara
foi ruim. A avaliação é deputado federal André Figueiredo, líder do PDT na
Casa. "O ministro mentiu demais. Insistiu na tese do 3,5%, que não é
verdade. Insistiu para ludibriar parte da população brasileira", criticou
o pedetista.
De
acordo com Figueiredo, Weintraub "usou uma técnica de realmente inventar
números para tentar passar a falsa impressão de que está falando a
verdade", mas "fugiu das perguntas". Ele completou: "Até
dizer que tinha sangue cearense, ele disse".
Numa
de suas respostas, o ministro contou que seu nome completo incluía o sobrenome
Vasconcellos, que, segundo ele, tem origem em Sobral, Ipu e Santa Quitéria.
Com
informações portal O Povo Online
Leia
também:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
A Administração do Blog de Altaneira recomenda:
Leia a postagem antes de comentar;
É livre a manifestação do pensamento desde que não abuse ou desvirtuem os objetivos do Blog.