A
reforma da Previdência foi o principal alvo dos atos que ocorreram em todo o
Brasil em alusão ao Dia do Trabalho. Em Fortaleza, o protesto contra a proposta
do governo de Jair Bolsonaro estava presente tanto em faixas como nos discursos
durante a manifestação na tarde de ontem, 1° de maio.
A manifestação, à frente da qual estavam mulheres, foi realizada na Praia de Iracema. "Nós somos a maioria no País e precisamos estar à frente nessa luta", disse Nacelia Silva, integrante da secretaria-geral da Intersindical e presidente do Sindicato dos Servidores e Empregados Públicos do Município de Fortaleza (Sindifort).
A mobilização foi organizada de maneira unificada por centrais sindicais, movimentos sociais, frentes populares e sindicatos. Outros atos referentes à data ocorreram em cidades como Rio de Janeiro, Maceió, Salvador e Porto Alegre.
"Não
é só um dia de lembrar a história do dia 1° de maio", explica Gardênia
Baima, da Central Única de Trabalhadores (CUT). "Nós estamos caminhando
nas ruas porque tivemos, durante longas décadas, a ascensão de vários direitos
e hoje, nesse 1° de maio, o que nós estamos assistindo é o contrário: a
desconstrução dos direitos conquistados dos trabalhadores", falou a
dirigente, que também preside o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação
do Ceará (Sindiute).
Integrante da
Secretaria Operativa da Frente Brasil Popular, Eliane Almeida afirma que a
reforma deveria ser chamada de "deforma porque, quando se fala em
reformar, é melhoria". A proposição do governo, segundo ela, "coloca
na nossas costas a responsabilidade de toda essa crise que está aí".
"As
mulheres são fundamentais na luta. Nós temos dupla ou tripla jornada de
trabalho, porque nós estamos no mercado de trabalho e também trabalhamos em
casa, no serviço doméstico", relata Almeida. Para ela, a reforma quer
colocar homens e mulheres em "pé de igualdade", mas "nós sabemos
que, na prática, é desigual".
Silva
caracteriza o ato como "primeiro grito para a construção da greve geral no
País". O movimento está previsto para 14 de junho, data decidida no evento
de São Paulo, do qual participaram os ex-presidenciáveis Fernando Haddad (PT) e
Guilherme Boulos (Psol).
A
reforma da Previdência deve começar a ser discutido na próxima terça-feira, 7,
na comissão especial que analisará o texto na Câmara dos Deputados.
Por
isso, a pressão sobre deputados federais também estava presente nas
reivindicações. Uma faixa exibia o rosto dos parlamentares, enquanto os dizeres
afirmavam que "estamos de olho em vocês".
Pequenos
cartazes continham a foto dos deputados Heitor Freire (PSL) e Genecias Noronha
(SD). Freire, correligionário do presidente, é um dos defensores da reforma,
enquanto Noronha votou a favor da matéria na Comissão de Constituição e Justiça
da Câmara.
Além
da Previdência, outras pautas também estiveram presentes na mobilização. Os
protestos dos manifestantes se voltaram para o corte de 30% dos recursos para
universidades públicas anunciado pelo Ministério da Educação durante esta
semana, o projeto Escola sem Partido, a possibilidade de privatização dos
Correios, além do pedido de liberdade para o ex-presidente Lula e de respostas
para o assassinato da vereadora Marielle Franco.
"Estamos
aqui para reivindicar e denunciar esse governo, que não aceita reunir, dialogar
com os movimentos, e na democracia ele tem que sentar com todo mundo",
enfatiza Neidinha Gomes, da direção do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra
(MST). "Em um governo que foi eleito pelo povo, ele deve respeitar as
organizações e os movimentos que existem no Brasil."
Com
informações portal O Povo Online e foto de Tatiana Fortes
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