O
anúncio do secretário do Planejamento e Gestão, Mauro Filho, de que o Estado
apertará as contas e cortará R$ 390 milhões das despesas de custeio — estimadas
em R$ 3,9 bilhões — lança dúvidas sobre a manutenção das universidades
estaduais.
Sob guarda-chuva da Secretaria da Ciência e Tecnologia do Ceará
(Secitece), instituições como Universidade Estadual do Ceará (Uece),
Universidade Regional do Cariri (Urca) e Universidade Estadual do Vale do
Acaraú (UVA) deverão ser atingidas pelo pacote de cortes.
Titular da pasta da
Ciência e Tecnologia do Ceará, Inácio Arruda aponta que uma reunião será
realizada amanhã com a presença de reitores das instituições que sofrerão
eventuais impactos e as respectivas assessorias. O intuito, diz ele, é repassar
a "situação de crise, de aperto". Arruda também diz que
"precisamos ouvi-los e conversar". Após este momento, o secretário
adianta que conversará com Mauro Filho para repassar as sugestões recebidas dos
docentes.
Vice-presidente
da União Nacional dos Estudantes (UNE) no Ceará, Quézia Gomes pondera que é
cedo para criticar a medida do secretário, que recém retornou de Brasília. Ela
assegura, contudo, que a representação de estudantes prestará atenção aos
possíveis impactos estruturais nas instituições de ensino superior.
"A
nossa posição em relação à educação é que seja mais inclusiva, para retirar o
sucateamento que já existe nessas instituições", afirma Quézia. Este
"sucateamento", segundo a estudante, pode ser verificado na área de
pesquisa, que ainda pode evoluir.
Vice-presidente
do Sindicato dos Docentes da Universidade Estadual do Ceará (Sinduece), o
professor de Física Alexandre Araújo avalia que o problema orçamentário da
instituição é histórico. A limitação do custeio, lamenta Araújo, "leva a
coisas absurdas", a exemplo de um docente ter de comprar pincel de quadro
branco para realizar uma aula.
O
professor acrescenta ainda as incertezas que pairam, por exemplo, sobre o
prosseguimento das bolsas de iniciação científica da Fundação Cearense de Apoio
ao Desenvolvimento Científico (Funcap). "Principalmente a questão de vagas
para docentes, já que ele anunciou o congelamento de recursos públicos".
Na Uece, Araújo alega que o déficit é de 454 professores efetivos. "O
(professor) substituto virou regra", enfatiza.
Procurado
por O POVO, o reitor da Uece, Jackson Sampaio, disse que só poderia conceder
entrevista após reunir-se com a equipe, para ser feito levantamento e aferir o
tamanho do impacto. Perguntado sobre quais questões levará à reunião, Sampaio
não respondeu.
Com
informações portal O Povo Online
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