18 de maio de 2019

Bolsonaro compartilha mensagem que fala em Brasil "ingovernável"


Em meio a uma crise política que ameaça a pauta do Planalto no Congresso, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) compartilhou texto na quarta-feira que fala que o Brasil "é ingovernável" fora dos "conchavos".

O conteúdo, enviado pelo pesselista em grupos de Whatsapp, repercutiu nas redes sociais - a mensagem, de autoria de um professor de finanças que mora em São Paulo, foi interpretada como crítica velada aos partidos que integram o chamado "centrão".

"Um texto no mínimo interessante. Para quem se preocupa em se antecipar aos fatos, sua leitura é obrigatória", escreveu Bolsonaro no último 15 de maio. Nesse dia, estudantes foram às ruas protestar contra o contingenciamento de recursos das universidades federais feito pelo Ministério da Educação.

Na mesma mensagem, o presidente disse ainda que vem se esforçando "para governar o Brasil", mas os "desafios são inúmeros e a mudança na forma de governar não agrada àqueles grupos que no passado se beneficiavam das relações pouco republicanas".

Bolsonaro acrescenta que deseja "contar com a sociedade para, juntos, revertermos essa situação e colocarmos o País de volta ao trilho do futuro promissor". O chefe do Executivo finaliza: "Que Deus nos ajude!".

Cientista político da Faculdade Presbiteriana Mackenzie, Rodrigo Prando avalia que o gesto do presidente evidencia que "o governo Bolsonaro se aproxima de momento perigoso". Segundo o pesquisador, três fatores pesam contra o pesselista: desgaste político, falta de governabilidade e impopularidade. "Mesmo num Congresso conservador, ele não consegue fazer política", disse.

De acordo com Prando, Bolsonaro "está alheio" como estiveram Fernando Collor e Dilma Rousseff, ambos apeados da cadeira presidencial depois de perderem sustentação congressual.

"O Collor também acreditou que as primeiras manifestações (em 1992) eram pequenas e podiam ser debeladas", projetou. "A presidente Dilma menosprezou as manifestações (em 2015) dizendo que era classe média batendo panela."

O analista, contudo, afasta possibilidade de impeachment. "Ainda não há fato jurídico, o que costuma selar o destino de um presidente quando se ventila essa hipótese", prosseguiu. "Até onde sabemos, não há evidência de crime direcionado, mas as investigações do caso Flávio Bolsonaro são um incômodo."

Também cientista político, Cleyton Monte concorda. "Há três elementos que dificultam a vida de um presidente: economia ruim, povo nas ruas e perda de apoio no Congresso", expõe o especialista, que é membro do Conselho de Leitores do O POVO. "Se o governante está ruim nas três, perde o mandato, como aconteceu com Dilma."

Monte pondera que, para contornar a crise, "que existe e está evidente", a primeira ação do Planalto deve ser "promover urgentemente uma política de conciliação com o Congresso e as lideranças das universidades".

E complementa: "Se não houver esse movimento, o governo não tem pauta". Questionado se acredita que Bolsonaro fará isso, ele responde: "Não vejo essa possibilidade. Acredito que o presidente está apostando no enfrentamento".

Coordenador estadual do Movimento Brasil Livre, Carmelo Neto admite que a situação de Bolsonaro se deteriora rapidamente. O dirigente resume a receita para driblar esse desgaste: "O Executivo tem que descer do palanque. O governo tem que dialogar. De forma oficial, apenas o PSL está na base, e alguns deputados do PSL mais atrapalham do que ajudam".

Com informações portal O Povo Online

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