Em
meio a uma crise política que ameaça a pauta do Planalto no Congresso, o
presidente Jair Bolsonaro (PSL) compartilhou texto na quarta-feira que fala que
o Brasil "é ingovernável" fora dos "conchavos".
O
conteúdo, enviado pelo pesselista em grupos de Whatsapp, repercutiu nas redes
sociais - a mensagem, de autoria de um professor de finanças que mora em São
Paulo, foi interpretada como crítica velada aos
partidos que integram o chamado "centrão".
"Um
texto no mínimo interessante. Para quem se preocupa em se antecipar aos fatos,
sua leitura é obrigatória", escreveu Bolsonaro no último 15 de maio. Nesse
dia, estudantes foram às ruas protestar contra o contingenciamento de recursos
das universidades federais feito pelo Ministério da Educação.
Na
mesma mensagem, o presidente disse ainda que vem se esforçando "para
governar o Brasil", mas os "desafios são inúmeros e a mudança na
forma de governar não agrada àqueles grupos que no passado se beneficiavam das
relações pouco republicanas".
Bolsonaro
acrescenta que deseja "contar com a sociedade para, juntos, revertermos
essa situação e colocarmos o País de volta ao trilho do futuro promissor".
O chefe do Executivo finaliza: "Que Deus nos ajude!".
Cientista
político da Faculdade Presbiteriana Mackenzie, Rodrigo Prando avalia que o
gesto do presidente evidencia que "o governo Bolsonaro se aproxima de
momento perigoso". Segundo o pesquisador, três fatores pesam contra o
pesselista: desgaste político, falta de governabilidade e impopularidade.
"Mesmo num Congresso conservador, ele não consegue fazer política",
disse.
De
acordo com Prando, Bolsonaro "está alheio" como estiveram Fernando
Collor e Dilma Rousseff, ambos apeados da cadeira presidencial depois de perderem
sustentação congressual.
"O
Collor também acreditou que as primeiras manifestações (em 1992) eram pequenas
e podiam ser debeladas", projetou. "A presidente Dilma menosprezou as
manifestações (em 2015) dizendo que era classe média batendo panela."
O
analista, contudo, afasta possibilidade de impeachment. "Ainda não há fato
jurídico, o que costuma selar o destino de um presidente quando se ventila essa
hipótese", prosseguiu. "Até onde sabemos, não há evidência de crime
direcionado, mas as investigações do caso Flávio Bolsonaro são um
incômodo."
Também
cientista político, Cleyton Monte concorda. "Há três elementos que
dificultam a vida de um presidente: economia ruim, povo nas ruas e perda de
apoio no Congresso", expõe o especialista, que é membro do Conselho de
Leitores do O POVO. "Se o governante está ruim nas três, perde o mandato,
como aconteceu com Dilma."
Monte
pondera que, para contornar a crise, "que existe e está evidente", a
primeira ação do Planalto deve ser "promover urgentemente uma política de
conciliação com o Congresso e as lideranças das universidades".
E
complementa: "Se não houver esse movimento, o governo não tem pauta".
Questionado se acredita que Bolsonaro fará isso, ele responde: "Não vejo
essa possibilidade. Acredito que o presidente está apostando no
enfrentamento".
Coordenador
estadual do Movimento Brasil Livre, Carmelo Neto admite que a situação de
Bolsonaro se deteriora rapidamente. O dirigente resume a receita para driblar
esse desgaste: "O Executivo tem que descer do palanque. O governo tem que
dialogar. De forma oficial, apenas o PSL está na base, e alguns deputados do
PSL mais atrapalham do que ajudam".
Com
informações portal O Povo Online
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