O
outro aspecto da questão que abordei em artigo publicado ontem, neste blog – e
vou concluir com este texto – é que existe um segmento fanatizado do
bolsonarismo que não está apenas interessado em criticar algum eventual
equívoco do Supremo Tribunal Federal (STF), mas em destruir a instituição, em
parceria com um segmento do Ministério Público, o que é perigoso e
antidemocrático.
A senha foi dada por um dos filhos do presidente, o deputado
federal (PSL-SP), Eduardo Bolsonaro, quando disse, no ano passado, que bastavam
“um cabo e um soldado” para fechar o STF. O próprio Bolsonaro, ainda candidato,
apontou para a possibilidade de desmantelar a Corte Suprema, dizendo que queria
aumentar de 11 para 21 o número de ministros, portanto, ele nomearia mais dez
juízes “isentos”, ou seja, em consonância com suas ideias de extrema direita, o
que seria uma forma de destroçar a Corte.
Na
lista dos demandantes contra o Supremo, também também constam vários
integrantes do Ministério Público, principalmente os príncipes da República de
Curitiba, cuja maior especialidade é atacar a instituição, enquanto fazem
política no “Partido dos Procuradores”, como chama Demétrio Magnoli, a essa
seita do Ministério público.
Se um cidadão ou um jornalista fazem algum reparo ao STF é jogo jogado, mas a forma como alguns procuradores atacam o STF ou alguns de seus ministros, é caso de serem chamados a responder, no mínimo, na corregedoria categoria, no caso o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), pois, em seu trabalho, exercem um múnus público. Mas poucos respondem pelos excesso, e ao que se sabe, ninguém foi punido pelos ataques dirigidos ao STF na ânsia em demolir a instituição, sendo a Justiça, um dos pilares sobre a qual se assenta a democracia.
Se um cidadão ou um jornalista fazem algum reparo ao STF é jogo jogado, mas a forma como alguns procuradores atacam o STF ou alguns de seus ministros, é caso de serem chamados a responder, no mínimo, na corregedoria categoria, no caso o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), pois, em seu trabalho, exercem um múnus público. Mas poucos respondem pelos excesso, e ao que se sabe, ninguém foi punido pelos ataques dirigidos ao STF na ânsia em demolir a instituição, sendo a Justiça, um dos pilares sobre a qual se assenta a democracia.
Um
exemplo, entre muitos desse tipo de prática que visa desmoralizar a
instituição, pode ser visto no artigo do procurador Diogo Castor, que foi
integrante da equipe da Lava Jato durante cinco anos. Ele disse que a Segunda
Turma do STF fazia parte da “turma do abafa” da Lava Jato e que a operação
sofria “ataques covardes engendrados nas sombras”. O artigo foi publicado no
site O Antagonista.
Outro
useiro e vezeiros em agir assim é o procurador-estrela Deltan Dallagnol que,
tal e qual menino birrento, não pode ver nenhuma de suas vontades contrariadas,
que fica enfurecido, como se ele fosse o salvador da pátria número dois; o
primeiro sendo o ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sérgio Moro, candidato a
uma vaga no STF ou ao cargo de presidente da República, dependendo de como as
coisas se desenrolarem.
Várias
pessoas – entre as quais me incluo modestamente – vêm alertando, há muito
tempo, o perigo em se permitir, em nome do combate à corrupção, excessos e
atropelos à lei. À turma da República de Curitiba, a “opinião pública” e parte
da imprensa – sob a tolerância do STF – concederam uma uma espécie de salvo
conduto para agir como se lhe desse na telha – como se fossem justiceiros
mascarados, desses de filmes americanos – e não funcionários públicos, juízes e
procuradores, obrigados a agir em consonância rigorosa com lei, e de prestar
contas ao distinto público, que lhes paga o salário.
Agora,
felizmente – ainda que um pouco tardiamente -, aumenta a quantidades de
pessoas, incluindo conhecidos analistas da conjuntura, que passaram a ver o
perigo que é um poder agindo acima das regras e dos controles democráticos.
Como
citado acima, o sociólogo Demétrio Magnoli, em artigo na Folha de S. Paulo,
afirmou que não são os poucos “haters” – perfis que destilam ódio nas redes
sociais -, o verdadeiro “subproduto tóxico” da Lava jato, mas “a corrente
jacobina dos procuradores que engajou-se num projeto de poder”. Segundo
Magnoli, esse o projeto de poder tem seu próprio candidato a presidente, “que
atende pelo nome de Sergio Moro”, sendo seu “veículo oficioso de mídia” O
Antagonista.
Para o sociólogo, o site “publica fragmentos de notícias verídicas, mas descontextualizadas, oferecendo munição aos guerrilheiros das redes, que as convertem em petardos difamatórios contra os magistrados escolhidos como alvos. Pretende-se, no fim, eliminar as restrições legais à perseguição de inimigos políticos do Partido dos Procuradores”. Entretanto, escreve Magnoli, “Bolsonaro flerta com a engrenagem, sem se dar conta de que seu governo é apenas uma escala técnica na rota imaginada pelo Partido dos Procuradores”.
Para o sociólogo, o site “publica fragmentos de notícias verídicas, mas descontextualizadas, oferecendo munição aos guerrilheiros das redes, que as convertem em petardos difamatórios contra os magistrados escolhidos como alvos. Pretende-se, no fim, eliminar as restrições legais à perseguição de inimigos políticos do Partido dos Procuradores”. Entretanto, escreve Magnoli, “Bolsonaro flerta com a engrenagem, sem se dar conta de que seu governo é apenas uma escala técnica na rota imaginada pelo Partido dos Procuradores”.
Observe,
não são mais apenas meia dúzia de “petistas” e “comunistas” que alertam para o
perigo que se corre, quando integrantes de uma instituição pública resolvem
agir, em grupo, como uma facção política, portanto em desacordo com as regras
democráticas.
Também
é muito fácil perceber que o Supremo está sob ataque das forças da extrema
direita, com o objetivo de desmoralizar instituição, pois isso significa
fragilizar a democracia, fortalecendo, em consequência, o seu plano de poder.
Assim, qualquer um que se considere democrata, tem de cerrar fileiras para
defender a instituição Supremo Tribunal Federal, ainda que alguns de seus
integrantes e algumas de suas decisões sejam passíveis de críticas.
Publicado
originalmente no portal O Povo Online
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