Esqueçam o debate sobre princípios, liberdade de imprensa e etc. É
tudo fumaça. Na guerra insana pelo poder – destampada pelo impeachment de Dilma
– os valores viraram suco. A ala lavajateira do ministério público federal, alçada ao papel
de quarto poder, virou um monstro incontrolável de muitas cabeças. Todas
lutando ferozmente pelo poder.
É aí que entram Toffoli e o STF. O monstro não aceita limites.
Quer ser o novo poder moderador da República. A Suprema Corte resolveu dar um
freio nos neopositivistas? Resolveu questionar a prisão em segunda instância?
Jogou caixa dois para a justiça eleitoral?
Doutos procuradores marcham para desmoralizar e, quem sabe,
destituir e prender algum ministro da Corte.
Já imaginaram a manchete? “Após destituição pelo Senado, PGR pede
a prisão preventiva do ex-ministro Dias Toffoli “. Um ex-petista, ex-todo-poderoso
do judiciário, na cadeia. Que tal?
Toffoli não foi o primeiro alvo. Gilmar Mendes, o mais corajoso no
enfrentamento ao arbítrio, teve sua vida devassada. Chegaram ao acinte de vazar
criminosamente informações fiscais sigilosas dele.
Com Lewandowski recolhido e incapazes de alvejar Gilmar, foram
atrás do óbvio. Dias Toffoli foi advogado do PT, homem de Zé Dirceu e
ex-ministro de Lula. O alvo perfeito, um troféu disputado na luta interna pela
sucessão de Dodge.
Como alcançar o prêmio? Que tal pressionar algum delator para
incluir Toffoli em sua lista? Pra não comprometer ninguém, vale dizer que é
primo do primo do amigo do amigo do vizinho.
Com esse “depoimento bomba”, basta dar uma ligadinha para o
porta-voz da “Operação”. Falou em Lava Jato, tá lá o Mainardi sempre com
grandes “furos”.
Já são mais de uma dezena de pedidos de impeachment de ministros
do STF prometidos no Senado. Ceifado Toffoli, quem garante que os “Jacobinos”
ficariam saciados?
Existem três frentes claras. Bolsonaro quer demolir a política.
Guedes quer destruir qualquer suspiro de estado de bem-estar social. E a Lava
Jato quer acabar com o Estado Democrático de Direito, nem que para isso seja
necessário guilhotinar ministros do STF na nova “Praça dos Quatro Poderes”.
O “escândalo” da censura ao Mainardi é de um cinismo
impressionante. Quando Fux matou no peito e impediu a Folha de SP de publicar a
entrevista com Lula, os atuais defensores da imprensa livre aplaudiram a
censura prévia.
Raquel Dodge diz que não existe em nosso regramento legal a figura
do juiz que acusa e julga, contestando o inquérito aberto por Toffoli e
relatado por Alexandre de Moraes para apurar os ataques à instituição. Quando o
juiz Moro acusava e julgava Lula num processo infame, com auxílio da PGR, ela
achava normal.
O que teme a PGR? Serão encontradas pegadas de procuradores nas
campanhas promovidas contras as instituições democráticas? O inquérito chegará
ao responsável pelo vazamento à Crusoé?
O pedido de habeas corpus preventivo coletivo apresentado pela
Associação Nacional de Procuradores da República é também estarrecedor. São
deuses inimputáveis? Por que não podem prestar depoimento à justiça, como
qualquer cidadão?
A Lava Jato quer desmoralizar a única instituição capaz de
colocar-lhe um freio. E parte da
autoproclamada esquerda, desorientada, faz coro com a Globo e com “próceres” do
Instituto Innovare.
Não há espaço para dubiedades. Defender o STF é a tarefa
democrática do momento.
Publicada originalmente no portal GGN
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