Apoiadores do presidente Bolsonaro agridem jovem em manifestação na Av. Paulista (imagem capturada do vídeo do jornalista Chico Prado) |
Segundo nova pesquisa internacional do
Instituto Ipsos, 32% dos brasileiros dizem acreditar que não vale a pena sequer
tentar conversar com pessoas com visões políticas diferentes das suas. O índice
de "radicalização" supera 24 dos 27 países onde a pesquisa foi
realizada, ficando atrás apenas de Índia (35%) e África do Sul (33%). Na
outra ponta estão Polônia (12%) e Japão (11%). Os brasileiros ficaram ainda
oito pontos percentuais acima da média internacional geral, de 24%.
Tema cada dia
mais presente no cotidiano do País nos últimos anos, a polarização
político-partidária afeta as diversas relações pessoais - sejam familiares,
profissionais ou das interações nas redes sociais.
A
microempresária Patrícia Jimenes, de 42 anos, não vê a mãe há cerca de um ano,
resultado de um rompimento por divergências políticas, associadas a
"valores e princípios". Nas eleições do ano passado, elas ficaram
quase três meses sem se falar. Patrícia, que se identifica com a esquerda,
bloqueou a mãe nas redes sociais por um tempo - tudo para não receber mensagens
de política, explicou. "Em abril do ano passado eu explodi. Depois de um
comentário no jantar de família, eu peguei minhas coisas e disse que não
voltaria mais lá."
O
estudante universitário Erick Ferreira, 27, também se sentiu obrigado a cortar
relações. Identificado com a centro-direita, ele diz já ter sido alvo de
perseguição. "Colaram cartazes nos banheiros femininos da universidade com
nomes de homens com quem as mulheres não deveriam se relacionar por questão ideológica.
Meu nome estava lá por eu ser de centro-direita. Isso fez muita gente se
afastar de mim. Já discuti demais. Agora, estou cansado "
Em
outra pergunta feita aos participantes, 40% dos brasileiros disseram que se
sentem mais confortáveis junto de pessoas que têm pensamentos similares. O
índice é de 42% levando-se em conta os 27 países.
Visão
crítica de brasileiros com quem pensa diferente também foi acima da média geral
quando o assunto foi o futuro do país e as razões de suas escolhas. Para 31%, aqueles
com visão diferente não ligam de verdade para o futuro do Brasil. A média geral
é 29%. 39% dos brasileiros concordaram com a frase "quem tem visão
política diferente de mim foi enganado" - dois pontos porcentuais a mais
que a média.
Marcos Calliari, CEO da
Ipsos Brasil, avalia que o principal efeito observado no País está relacionado
ao questionamento no qual 39% dos entrevistados brasileiros acreditam que
pessoas não mudarão de opinião mesmo com evidências contrárias apresentadas.
Além disso, 34% concordam com a frase "quem tem visão política diferente
de mim não liga para pessoas como eu". "A falta de transformar
opiniões distintas em diálogo construtivo é o que mais nos preocupa. Temos
evidências que os entrevistados não veem ganho no diálogo."
Brasileiros
também se destacaram quando questionados se o País corre mais ou menos perigo
com pessoas com opiniões políticas diferentes do que há 20 anos: 44% dos
brasileiros acredita que há mais perigo hoje.
Com
informações portal O Povo Online
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