Procedimentos
que apuram irregularidades em supostas "candidaturas laranja" no
Ceará tiveram novo avanço no último fim de semana. Apresentadas no início do
ano após reportagens do O POVO e do O Globo, casos no Pros e no PSL do Estado
já estão sob análise de promotores de Justiça do Ministério Público do Ceará
(MPCE).
O
primeiro caso é da candidatura de Débora Ribeiro (Pros) a deputada estadual na
última eleição. Mesmo recebendo mais de R$ 274 mil em recursos do Fundo
Eleitoral, ela obteve apenas 47 votos válidos. Cunhada do deputado federal
Vaidon Oliveira (Pros), a candidata contratou 141 pessoas para a campanha -
quase três vezes mais que o número de votos.
Outro
caso envolve Gislani Maia (PSL), candidata a deputada estadual que recebeu R$
150 mil do Fundo Eleitoral. O depósito feito à candidata ocorreu em 5 de
outubro, mesmo dia em que consta o pagamento de R$ 143 mil para três gráficas
diferentes. Além dela, apenas um candidato do PSL, o deputado federal eleito
Heitor Freire, recebeu esse tipo de repasse.
Como
nenhuma delas possuía experiência eleitoral prévia nem qualquer notabilidade
que justificasse tamanho repasse, a Justiça apurará se os casos configuram
"candidaturas laranja". Na última eleição, diversos partidos enviaram
grandes quantias para candidatas mulheres na busca por burlar cotas
obrigatórias de representação feminina no uso do Fundo Eleitoral.
Os
procedimentos que apuram irregularidades nas duas campanhas foram pedidos pelo
Ministério Público Federal (MPF-CE) ainda em fevereiro, mas não avançaram por
conta de divergências quanto ao foro ideal para tramitação das ações. Mesmo
tendo sido abertas pelo MP federal, as ações acabaram "migrando" para
o MP estadual na última sexta-feira, 26.
 Com o entendimento já
pacificado, ambas já estão encaminhadas para os promotores que irão tocar as
investigações. No caso do Pros, o caso ficou com o promotor Marcus Renan
Palácio (113ª Zona Eleitoral). Já o do PSL foi encaminhado ao promotor Herbet
Gonçalves Santos (80ª Zona Eleitoral).
À
época das denúncias, Vaidon Oliveira negou qualquer relação com a candidatura
de Débora Ribeiro e rejeitou irregularidades. Já Heitor Freire nega
irregularidade e destaca que Gislani foi votada em dezenas de municípios do
Estado, terminando a disputa como uma das candidatas mais votadas do Estado.
No
plano nacional, ontem, a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão
em seis gráficas que teriam prestado serviço para as candidatas. Duas em
Contagem, uma em Lagoa Santa, uma em Belo Horizonte e uma em Coronel Fabriciano.
Os outros dois mandados foram para uma residência em Ipatinga e na sede do PSL
em Belo Horizonte.
De
acordo com a PF, a operação tenta esclarecer suspeita de irregularidade na
aplicação de recursos referentes a campanhas eleitorais femininas. O PSL
acumula denúncias de mulheres que afirmam terem sido usadas como laranjas nas
eleições do ano passado.
Com
informações portal O Povo Online
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