A
área ambiental do governo Bolsonaro passa por um processo de militarização. Do
alto escalão do Ministério do Meio Ambiente (MMA) até as diretorias do Ibama e
do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), postos-chave estão agora
sob a tutela de oficiais das Forças Armadas e da Polícia Militar.
A
orientação dada pelo próprio presidente Jair Bolsonaro e levada a cabo pelo
ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, é a de acabar com o "arcabouço
ideológico" no setor. Já são pelo menos 12 militares.
Nessa
quinta-feira (18/04) Salles exonerou o diretor de planejamento do Ibama, Luiz
Eduardo Nunes, servidor de carreira do órgão federal. O posto deve ser ocupado
por Luis Gustavo Biagioni, recém-aposentado da PM de São Paulo, onde trabalhou
na polícia ambiental como major e tenente-coronel.
Na
quarta-feira (17/04), foi confirmada a indicação do comandante da PM Ambiental de São
Paulo, coronel Homero de Giorge Cerqueira, para ser o presidente do ICMBio. Um
dia antes, ele nomeara Davi de Souza Silva, também de formação militar, para a
regional do Ibama em São Paulo.
Cada
troca é informada a Bolsonaro. Na quinta, o presidente voltou a criticar o
Ibama e uma multa que o órgão aplicou a índios que produzem soja transgênica em
Mato Grosso.
"Multados
pelo Ibama em R$ 120 milhões. Já sabem o que vamos fazer com essa multa,
né?", disse Bolsonaro, sinalizando que pedirá sua anulação.
O
presidente afirmou que o Ibama "é um órgão muito mais aparelhado do que o
Ministério da Educação". Na quarta, disse que, "com o Salles, nosso
ministro do Meio Ambiente, tomamos providências para substituir esse tipo de
gente".
Levantamento
feito pelo jornal O Estado de S. Paulo aponta que o gabinete do ministro passou
a contar com oito militares em cargos comissionados, oficiais que despacham ao
lado da sala de Salles.
Os
cargos envolvem desde a chefia de gabinete até a ouvidoria e comunicação
institucional da pasta. Na sede do Ibama, duas diretorias já são comandadas por
militares.
As
superintendências estaduais do órgão também serão ocupadas por militares. A
nomeação de um militar para comandar o Ibama em São Paulo é só a primeira de
muitas trocas por vir. Uma fonte do governo disse que Salles e Bolsonaro têm
convicção de que há corrupção nos órgãos ligados à pasta.
Por
isso, querem um "controle mais rígido" das operações, além do
afastamento de servidores que atuaram nos governos petistas. "Eu conversei
com o Salles. Ele vai aproveitar oficiais da Polícia Ambiental, que conheceu
quando era secretário do Meio Ambiental de São Paulo", disse o senador
Major Olímpio (PSL-SP).
Paralelamente,
o governo discute a possibilidade de fusão do Ibama e do ICMBio, o que poderia
ocorrer no segundo semestre. Salles evita dar detalhes sobre o assunto,
limitando-se a dizer que, "por enquanto", não haverá a integração. O
Ibama fiscaliza e protege o meio ambiente e licencia empreendimentos, enquanto
o ICMBio atua nas unidades de conservação ambiental.
Salles
está no centro de uma crise. Na semana passada, mandou o presidente do Ibama
rever parecer do órgão para autorizar o leilão de poços de petróleo ao lado de
Abrolhos.
Questionado
sobre a militarização de sua pasta, Salles não comentou. O ministério impôs lei
do silêncio ao Ibama e ICMBio. Qualquer pedido de informação aos órgãos tem de
ser encaminhado à pasta.
Com
informações portal O Povo Online
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