Lula durante a audiência em Curitiba (imagem capturada do vídeo da Tv Folha) |
As
duas maiores emissoras de TV do Brasil, redes Globo e Record, jogaram no lixo a
prática do bom jornalismo e, simplesmente, ignoraram a entrevista do
ex-presidente Lula, concedida ao El País e à Folha de S.Paulo, na última sexta-feira (26/04). A edição do Jornal Nacional, da Globo, também não citou o
fato político mais importante da semana.
Em
contrapartida, alguns dos principais veículos de comunicação do mundo deram
cobertura ao fato. O The Guardian, jornal britânico, destacou a entrevista,
mencionando a declaração de Lula de que o Brasil está sendo governado por um
bando de malucos e que os “lacaios” dos EUA destruíram a reputação
internacional do país. “Nunca vi um presidente saudar a bandeira americana.
Nunca vi um presidente dizer que ama os Estados Unidos”, disse Lula, em trecho
destacado pelo jornal.
O
Le Figaro, mais tradicional jornal da França, enfatizou a “obsessão” de Lula, a
quem chama de ícone da esquerda, de provar sua inocência, ainda que custe sua
liberdade. “Eu quero sair daqui com a cabeça erguida, como entrei: inocente.
Muitas pessoas pensaram que eu teria que fugir, sair do Brasil ou me refugiar
em uma embaixada. Mas eu decidi que o meu lugar era aqui. Posso ficar na prisão
por cem anos, mas não vou trocar minha dignidade pela minha liberdade”,
destacou o jornal.
Fox
News, canal de notícias norte-americano, citando matéria da agência Associated
Press, também mencionou as declarações de Lula no sentido de provar sua
inocência das condenações que recebeu da Operação Lava Jato. “Estou obcecado em
desmascarar o juiz Moro e aqueles que me sentenciaram. Quero expor a farsa
montada no Departamento de Justiça dos Estados Unidos”.
A
TeleSur, emissora multi-estatal para a América ressaltou a briga jurídica que
precisou ser travada para que a entrevista ocorresse. “O ex-mandatário fez suas
declarações durante a entrevista que foi autorizada no último dia 18 de abril
pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil, José Antonio Dias
Toffoli, após um processo legal para sua realização”.
Já
a agência russa Sputnik destacou o que Lula citou sobre a diferença de
tratamento da imprensa brasileira em relação a ele e Bolsonaro. “Imagina se os
milicianos do Bolsonaro fossem amigos da minha família”, enfatizou o site.
A
versão em espanhol do El País, um dos veículos autorizados a entrevistar o
ex-presidente nesta sexta-feira (26), traduziu a reportagem de Florestan
Fernandes Júnior. “Lula está preso, ele quer conversar e sabe que esta
entrevista é uma oportunidade para fazê-lo depois de um ano silenciado pela
prisão”, disse o jornal.
Autocrítica
O
Página/12, jornal argentino, mencionou as críticas do ex-presidente a Jair
Bolsonaro. “Lula se referiu à elite brasileira e pediu a ela uma autocrítica:
‘Vamos fazer uma autocrítica geral nesse país. O que não pode é esse país estar
governado por esse bando de maluco que governa o país. O país não merece isso e
sobretudo o povo não merece isso”’, disse Lula, em trecho da entrevista
destacado pelo jornal.
O
Cubadebate, site cubano, enfatizou que o ex-presidente reafirmou sua inocência,
dizendo-se “obsessivo” por provar a “farsa judicial” que o levou à cadeia. “Sei
muito bem que lugar a história me reserva. E sei também quem estará na
lixeira”, ressaltou o site.
Com
informações do portal Revista Fórum
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