Caatinga é um bioma exclusivamente brasileiro (Foto: Fabio Lima) |
A
região do semiárido no País tem características únicas em todo o Planeta.
Palavra vinda do tupi ka'a (mata) e tinga (branca), a caatinga ocupa 10% do
território brasileiro e possui espécies vegetais e animais endêmicas, ou seja,
que só existem nessa região do Mundo, como o tatu-bola e o juazeiro. A urgência
da preservação do bioma fixou, em 2003, o 28 de abril como Dia Nacional da
Caatinga. A data é em homenagem ao engenheiro agrônomo e ecologista
pernambucano João Vasconcelos Sobrinho (1908 - 1989).
Antes considerado
sinônimo de miséria e escassez de recursos ambientais, a Caatinga foi estudada
profundamente pelo engenheiro, que conseguiu provar que, além de ser muito
rico, o patrimônio biológico é único no Planeta, a ponto de incluir espécies encontradas
somente no Nordeste brasileiro. Rafael Costa, professor do Departamento de
Biologia da Universidade Federal do Ceará (UFC), afirma que o
tatu-bola-da-caatinga e o juazeiro são exemplos de animal e de vegetal que
sofreram adaptações e são endêmicas do semiárido e do cerrado do Brasil.
O
tatu-bola-da-caatinga não realiza escavação de buracos e não é adaptado à vida
subterrânea. Segundo o professor, são os únicos tatus que, quando são acuados,
têm o hábito de se enrolar dentro da carapaça formando uma bola. Por conta da
caça, essa espécie é considerada ameaçada de extinção, de acordo com a União
Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) e
com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
"Estamos
em região semiárida e tropical. Existem outras regiões entre os trópicos e de
clima semiárido no Mundo, como a savana africana, mas com características
diferentes", explica o professor.
As chuvas escassas e concentradas, o
solo pedregoso obrigaram as plantas a desenvolverem raízes profundas, de modo a
alcançar o lençol freático. Outra adaptação, segundo Costa, é um tipo de cacto
facheiro, encontrado somente nos estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte,
Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia.
Professora
o Departamento de Biologia e do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e
Recursos Naturais, Francisca Soares de Araújo, conta que o semiárido tropical
da caatinga está em uma latitude diferente das regiões da savana africana. No
Brasil, é entre 3º e 9º graus e, no mundo, a medida alcança 30º.
"É
suficiente para provocar uma alteração fisionômica na cobertura vegetal",
explica. A intervenção do homem na caatinga vem desde a colonização portuguesa.
Por ser uma mata adaptável e perder folhas nos períodos de estiagem, segundo a
professora, não havia o cuidado com a preservação.
Amplas
áreas foram desmatadas para a agricultura e pecuária, no gado confinado. A
professora afirma que a maior parte da região no semiárido não é favorável à
agricultura. A introdução do gado solto e, consequentemente, do leite, ajudou
no binômio carne de charque e algodão e na preservação da mata.
Marília
Nascimento, educadora ambiental da Associação Caatinga, conta que o senso comum
divulga a mata da caatinga como mato - e isso nega as riquezas, potencialidade
e não produz, na sociedade, a urgência de cuidado com o bioma.
"As
adaptações que animais e plantas desenvolveram para sobreviver nesses ambientes
em condições extremas de incidência de raios solares acabam por proteger o
solo, a fauna e a flora", informa.
Organização
A
Associação Caatinga foi fundada em 1998 com a missão de promover a conservação
das terras, florestas e águas da caatinga para garantir a permanência de todas
as suas formas de vida do bioma.
Com
informações portal O Povo Online
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