No
primeiro trimestre deste ano, o Ceará recebeu 503,7 milímetros (mm) de
precipitações — um registro 19,7% maior do que a média para o período (420,8
mm). E nos primeiros quatro dias de abril, choveu o equivalente a um terço da
média histórica do mês (188 mm). Foram 62,5 mm proporcionais até ontem em todo
o Estado, segundo dados da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos
Hídricos (Funceme).
Apesar da atuação El Niño — associado à redução de chuvas
no Estado —, o fenômeno tem se apresentado com baixa intensidade nesta quadra
chuvosa. Outro fator para a boa estação é a alta temperatura das águas da
superfície do Oceano Atlântico, situação considerada rara em anos de El Niño.
As
precipitações vêm garantido recarga nos principais açudes do Estado, mas a situação
das bacias é discrepante (veja o quadro). O sistema está com 15,96% da
capacidade total de armazenamento.
Conforme
David Ferran, meteorologista da Funceme, as chuvas observadas no sul do Estado
foram resultado da influência dos Cavados de Altos Níveis (CAN). "Em uma
comparação mensal, a gente precisa transcorrer alguns dias. Ainda tem muito
tempo pela frente para avaliar o mês de abril, embora tenha chovido uma
quantidade razoável para poucos dias".
David
detalha que a probabilidade é de o El Niño "persistir até o final da
quadra chuvosa". "Este ano, anomalamente, o Atlântico Sul está bem
mais quente do que o normal, junto com o El Niño. O Atlântico favorável
normalmente não ocorre em anos de El Niño, que é o aumento da temperatura das
águas do Oceano Pacífico. O cenário não é comum no passado recente. Quando tem
El Niño, as chuvas tendem a reduzir antes do fim da quadra. Tem que esperar a
quadra chuvosa acontecer", esclarece.
De
acordo com Bruno Rebouças, diretor de operações da Companhia de Gestão dos
Recursos Hídricos (Cogerh), o volume atual dos reservatórios ainda é
considerado baixo "se considerar o Estado como um todo", tendo em
vista a distribuição irregular do aporte.
"A
região Norte e o Litoral estão bem mais confortáveis. A região Jaguaribana e o
Sertão de Crateús ainda estão com volume muito baixo. O volume está longe de
ser confortável para o Estado. Ainda estamos em situação de alerta",
frisa.
Segundo Bruno, as chuvas têm começado a se refletir nos reservatórios
estratégicos, como o Orós e o Castanhão. "O aporte ainda é pequeno, é
menos do que em janeiro. Mas começaram a receber água de maneira mais
consistente".
No
atual cenário, o Ceará tem o volume mínimo para garantir os usos prioritários,
com água garantida para o abastecimento humano e com restrições para usos como
a irrigação em algumas regiões.
Com
informações portal O Povo Online
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