Tão
logo atingiu o 100º dia à frente do País, no último dia 11, o presidente Jair
Bolsonaro (PSL) assinou um conjunto de medidas - 18 no total - com reflexos em
várias frentes. Sob alegação de que busca uma máquina pública enxuta e livre do
legado deixado pelos 14 anos do Partido dos Trabalhadores (PT), uma dessas
ações extingue colegiados e estabelece diretrizes para a criação de novos.
Focos
de Bolsonaro, estes grupos foram idealizados para exercer influência nos rumos
da administração pública e fiscalizá-la, além de promover diálogo entre o Poder
e a sociedade civil. Eles se organizam em forma de comitês, comissões, grupos,
juntas, equipes, mesas, fóruns e salas.
"Gigantesca
economia, desburocratização e redução do poder de entidades aparelhadas
politicamente usando nomes bonitos para impor suas vontades, ignorando a lei e
atrapalhando propositalmente o desenvolvimento do Brasil", comemorou
Bolsonaro pelo Twitter, à época.
Conforme
o decreto assinado pelo presidente e pelo ministro-chefe da Casa Civil, Onyx
Lorenzoni, a medida "extingue e estabelece diretrizes, regras e limitações
para colegiados da administração pública federal direta, autárquica e
fundacional".
Ou
seja, se um destes grupos é ligado a ministérios, configura-se como
administração federal direta. Se, por exemplo, é ligado ao Instituto Nacional
do Seguro Social (INSS), uma autarquia, a administração é autárquica. O
"fundacional" refere-se a conselhos que se debruçam sobre políticas
públicas, sem fins econômicos.
Ainda conforme o
documento assinado pelo Governo, não serão revogadas as representações que constam
no regimento interno ou no estatuto de instituição federal de ensino. Seguirão
existindo, também, as que foram criadas ou reformuladas por ato publicado a
partir de 1º de janeiro deste ano.
Embora
o Planalto ainda não tenha o número exato de colegiados a serem extintos, as
estimativas de Lorenzoni apontam para 650. Isto é, de 700 grupos estimados por
ele, apenas 50 permanecerão. O discurso do ministro alinha-se ao de Bolsonaro.
Fala em desburocratização diz que os coletivos têm visão distorcida do que
significa representação popular, já que guiados pela "visão ideológica dos
governos anteriores".
Nota
do Ministério Público Federal (MPF) contrapõe a visão presidencial. O órgão
manifestou preocupação com os efeitos da medida, "esperando que os
colegiados, especialmente aqueles previstos na CF/88 (Constituição Federal) ou
em tratados internacionais sejam mantidos". "Com base em
reivindicações de participação da sociedade na gestão das políticas sociais,
foram criados conselhos co-gestores de políticas públicas, desde o âmbito
municipal até o federal", ressalta.
Ainda
de acordo com a nota, estariam ameaçados ao menos 35 órgãos. Dentre eles, o
Comitê Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (Conatrap), a Comissão
Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo (Conatrae), o Conselho Nacional de
Segurança Pública (Conasp) e o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br).
Doutor
em Ciência Política pela Universidade de São Paulo e diretor-executivo da
organização não-governamental Transparência Brasil, Manoel Galdino projeta um
Governo menos aberto e menos transparente a partir das mudanças. "Tende a
tomar ainda mais medidas não efetivas e aumenta a chance de ter
corrupção".
Galdino
também questiona o significado do termo "aparelhamento", empregado
pelo Planalto: "ter uma visão diferente da do Governo?". Para ele,
essa é a "graça da democracia". Lembra ainda que se os critérios para
a escolha de determinado conselho não forem bons ou democráticos, Bolsonaro
poderia, especificamente nestes, alterar as regras de funcionamento.
Com
informações portal O Povo Online
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