O ex-presidente Lula durante entrevista exclusiva à Folha e ao jornal El País, na sede da Polícia Federal, em Curitiba (Foto: Marlene Bergamo) |
Com
semblante sério, sem poder chegar perto dos entrevistados, calçando tênis, e
vestindo camisa social, calça jeans e paletó cinza, o ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva (PT) concedeu primeira entrevista desde sua prisão, em abril do
ano passado. Aos jornais "Folha de S.Paulo" e "El País", em
entrevista concedida ontem e publicada nos sites das duas publicações, disse
que o Brasil precisa fazer uma autocrítica e tem sido governado "por um
bando de maluco".
"Vamos
fazer uma autocrítica geral neste País. O que não pode é este País estar
governado por esse bando de maluco. O País não merece isso, e sobretudo o povo
não merece isso", disse o ex-presidente.
 Sobre o presidente Jair
Bolsonaro (PSL), teceu críticas, ainda que não taxativas, e afirmou que
"ou ele constrói um partido sólido, ou não perdura".
Em
alusão às recentes mudanças na postura da diplomacia e dos acordos
internacionais, Lula falou sobre como o País era respeitado no Mundo em seu
mandato e como era tecido, à época, as relações com países vizinhos da América
do Sul com finalidade de se tornar um bloco competitivo, em relação às
potencias da economia mundial.
Aos
jornalistas, Lula afirmou que era "grato" à solidariedade do
vice-presidente Hamilton Mourão quando da morte do neto dele, Arthur,7. O
ex-presidente disse que, se sair da prisão, quer "conversar com os
militares" para entender o ódio ao PT.
O
petista criticou ainda o ministro da Justiça, Sergio Moro. Para ele, o ex-juiz,
que o condenou à prisão, "não sobrevive na política". "Eu tenho
certeza de que durmo todo dia com a minha consciência tranquila. E tenho
certeza de que o (Deltan) Dallagnol não dorme, que o Moro não dorme". Lula
ironizou o fato de o ministro Moro ter, em entrevista recente, pronunciado a
palavra "cônjuge" de forma errada.
"Sempre riram de mim porque
eu falava 'menas'. Agora, o Moro falar 'conje' é uma vergonha", disse.
Lula relembrou o momento da prisão, em que correligionários se dividiram quanto
a ele se entregar a Polícia Federal. Ele afirmou que decidiu se entregar para
provar sua inocência com dignidade.
"Fico preso cem anos. Mas não troco
minha dignidade pela minha liberdade". Relembrando julgamentos de questões
polêmicas no Supremo Tribunal Federal (STF), Lula reforçou esperar que decisão
sobre seu caso se ativesse às provas.
A
entrevista teve duração de duas hora e dez minutos e, segundo o relato dos
jornais, os jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas tiveram de ficar a quatro
metros do ex-presidente. Lula respondeu às perguntas diante de uma mesa, da
qual os entrevistadores não podiam se aproximar. A PF informou aos presentes
que a medida era o cumprimento de um protocolo de segurança comum a todos os
presos. (Com agências)
Entrevista
A
entrevista foi concedida aos jornalistas Florestan Fernandes e Mônica Bergamo.
Antes das perguntas, Lula pediu para fazer um "minipronunciamento"
sobre "seu caso" e o sobre o "caso do Brasil".
Emoção
Sério
no início da conversa, Lula se emocionou quando questionado sobre as mortes de
seu irmão Vavá e do neto Arthur. "Eu às vezes penso que seria tão mais
fácil que eu tivesse morrido. Porque eu já vivi 73 anos, eu poderia morrer e
deixar meu neto viver", disse.
Com
informações portal O Povo Online
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