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6 de março de 2019

Vixe Maria! Como foi lindo o Ceará na Marquês de Sapucaí!


Teve seca e fome, é verdade! Mas o que ficou mesmo foi o artesanato, o forró, o camarão, a força, a fé e as redes para dormir no melhor estilo néon da estação. De quebra, o simpático Bode Ioiô, que levou uma Sapucaí inteira a cantar.

As referência ao Ceará, na segunda noite de desfiles do Grupo Especial na Apoteose do Samba (RJ), começaram na apresentação da União da Ilha do Governador. A agremiação abriu o enredo "A peleja poética entre Rachel e Alencar no avarandado do céu" com um Padre Cícero que voava sobre a avenida aos aplausos do público. 

O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da escola, Philipe Lemos e Dandara Ventapane, incluíram movimentos de forró e xaxado aos trejeitos da evolução. A partir daí, cangaceiros, vaqueiros, brincantes juninos e retirantes invadiram a passarela puxados pelo refrão do samba-enredo, que começava com um expressão típica cearense: "Vixe Maria!".

As fantasias receberam a riqueza da renda, com direito a ala assinada pelo estilista Ivanildo Nunes, uma das personalidades do Estado convidadas para o evento. O design em couro de Espedito Seleiro, também presente, percorreu vários momentos da apresentação, que trouxe ainda o artesanato em barro, madeira e palha, com direito a alegoria em homenagem à Cearte e ao Mercado Central. Camarões "enormes" como o cearense tanto gosta ganharam as cabeças de uma das alas e peixes saíram de açudes como o do Cedro, tema de um dos setores da escola. A passagem terminou com um carro alegórico futurista em que tramas de renascença emolduravam a mulher rendeira. Nomes do Estado como o artista plástico Zé Tarcísio, o empresário Régis Medeiros, o deputado estadual Gony Arruda, o casal de empresários Edson Queirós Neto e Ticiana Rolim e a top model e atriz Dani Gondim integraram o desfile.

Na sequência entrou na avenida a Paraíso do Tuiuti que, com os versos do enredo "O Salvador da Pátria", usou o folclórico Bode Ioiô para fazer uma crítica social e política, marca dos enredos da escola. Da eleição do animal a vereador em 1920, quando as cédulas ainda eram em papel, a Tuiutu percorreu temas do cenário e das polêmicas na política nacional. A escola terminou o desfile com uma Sapucaí inteira cantando o simpático e fácil refrão do samba-enredo e querendo, de fato, conhecer este animal digno de uma escola de samba.

Por fim, a Mangueira chegou com sua homenagem à vereadora assassinada do Rio de Janeiro, Marielle Franco, em uma letra que remetia, dentre outros assuntos, ao abolicionista cearense Francisco José do Nascimento, o Dragão do Mar, e cobrava mais respeito e voz às mulheres brasileiras.

O fato das três escolas virem em sequência e com referências diversas sobre o Estado foi um diferencial na noite. Por mais de três horas, o público esteve conectado a detalhes da cultura e da história cearense. A carcaça do boi morto na seca até passou, mas na memória fica mesmo é a alegria de viver e o colorido do povo nordestino. Vixe maria, foi lindo demais!

Publicado originalmente no portal O Povo Online


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