Quando
li, vi e ouvi pela primeira vez e tantas outras o enredo da Mangueira, eu
decidi: Tenho de ir ao Rio ver o desfile. É por Marielle, é por nossa história,
é por todas e todos nós.
Foi
a primeira vez que em pleno Carnaval deixo meu Ceará.
Mas
meu Ceará estava também lá. O tempo inteiro, quando assisti à apresentação
linda de companheiros e companheiras do Cariri em pleno Carnaval carioca
levantando tanta gente. Assisti só não, dançamos com tantos cearenses e baianos
e paulistas e pernambucanos, brasileiros do Norte ao Sul e gentes de todos os
lugares.
E
naquela segunda à noite do desfile. Começou com a União da Ilha cantando
belamente num samba com xote de arrepiar Raquel, José de Alencar, o nosso
Ceará.
Depois
a Tuiuti que "nos representa" e diz que "O Paraíso escolheu o
Ceará" e através do Bode IôIô segue com sua crítica social e política
profundamente arrasante.
O
Ceará também estava na nossa Mangueira que conta a história que a história não
conta e lembra que a Liberdade não veio do céu, nem das mãos de (princesa)
Isabel, mas dos jangadeiros, dos abolicionistas, do povo negro, do Dragão do
Mar de Aracati.
Foi
uma noite onde a alma bailante vibrava no ritmo dos tambores arrepiando o
corpo, levantando os pelos da pele e lembrando que "É na luta que a gente
se encontra".
Nascido
católico, educado sob o signo e hegemonia da história europeia dos
colonizadores, ajoelhado confessando pecados, foi a indignação social, o
sentimento de irmandade no outro, na outra que me fez compreender hoje que se a
Igreja me falava da "vocação espiritual" a seguir, eu escolhi seguir
não uma vocação, mas caminhar um caminho que a história oficial não contou, mas
a teologia da libertação, o Carnaval e a cultura popular, a militância de
esquerda, o marxismo e o cristianismo comum me fizeram aprender.
O
que Mangueira mostrou foi a nossa história da qual somos todos os dias
alienados. É como se roubassem. É como não... É mesmo um roubo da nossa própria
existência.
Eu
que comecei a mais jovem, pouco mais de dez anos, torcer pela Beija Flor ao ver
o carnaval de Joãozinho Trinta com o Cristo censurado.
Sempre
a censura tolhendo a história. Mas a luta vem e transforma.
Beija-Flor
deixou de ser meu encanto há uns anos para Mangueira, a escola mais querida de
nosso povo, ocupar essa lugar.
O
carnaval não é carnaval se se acomoda. Não se trata de uma agremiação. A Escola
é mesmo a vida.
Viva
Mangueira! Viva Marielle! Viva o Povo Negro, Pobre e Trabalhador!
Viva
a luta por um mundo de mulheres e homens livres!
Contra
todas as amarras! Levantemo-nos todas e todos!
Texto e imagem do Facebook de Ailton Lopes
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