O
portal francês Mediapart, que originou ataques à repórter do jornal O Estado de
S. Paulo, Constança Rezende, disse na tarde de ontem que são falsas as
acusações repercutidas por Jair Bolsonaro na noite do último domingo (10/03). O
portal francês também se solidarizou com Constança.
Em
sua conta no Twitter, o presidente publicou vídeo com áudio da repórter e
afirmou que Constança teria dito "querer arruinar a vida de Flávio
Bolsonaro e buscar o Impeachment do Presidente Jair Bolsonaro. Ela é filha de
Chico Otavio, profissional do 'O Globo'. Querem derrubar o Governo, com
chantagens, desinformações e vazamentos."
O áudio é de uma
conversa de Constança Rezende, com Alex MacAllister, que se apresentou como
estudante interessado em fazer um estudo comparativo entre o Donald Trump e
Bolsonaro. A gravação do diálogo, porém, mostra que a repórter em nenhum
momento fala em "intenção" de arruinar o governo ou o presidente. A
conversa, em inglês, tem frases truncadas e com pausas, além de apenas partes
selecionadas da conversa terem sido divulgadas.
Em
um dos trechos, a repórter avalia que "o caso pode comprometer" e
"está arruinando Bolsonaro", mas não relaciona seu trabalho a nenhuma
intenção nesse sentido. A suposta declaração de Constança Rezende foi publicada
inicialmente no site Terça Livre, que reúne ativistas conservadores e
simpatizantes de Bolsonaro, a partir de publicação no site Mediapart. A
'denúncia' seria de um jornalista francês, identificado como Jawad Rhalib, a
partir da gravação da conversa da repórter com Alex MacAllister.
Contudo,
o texto, intitulado "Para onde vai a imprensa?", foi publicado em uma
seção do site chamada "Le Club", uma espécie de fórum online no qual
internautas podem manter blogs próprios. O Mediapart ressaltou, também por meio
do Twitter, que "as informações publicadas no 'club de Mediapart', que
serviram de base para o tweet de @jairbolsonaro, são falsas". "O
artigo é de responsabilidade do autor e o blog é independente da redação do
jornal", completou a publicação.
Diversas
organizações repudiaram o ataque de Bolsonaro à repórter. A Associação
Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), a Associação Nacional de
Editores de Revistas (Aner) e a Associação Nacional de Jornais (ANJ) assinaram
nota conjunta onde "lamentam que o presidente reproduza pelas redes
sociais informações deturpadas e deliberadamente distorcidas com o sentido de
intimidar a jornalista e a liberdade de expressão". "Os ataques à
repórter têm o objetivo de desqualificar o trabalho jornalístico, fundamental
para os cidadãos e a própria democracia", critica a nota.
A
Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e a Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB) também divulgaram nota. Nela, afirmam que o tweet de
Bolsonaro trata de "um novo ataque público à imprensa" e o "uso
de sua posição de poder para tentar intimidar veículos de mídia e
jornalistas". Bolsonaro não se manifestou sobre as acusações de que a
publicação realizada em sua conta são falsas.
A repórter Constança Rezende se
afastou das redes sociais devido a ameaças de apoiadores do presidente a ela e
a sua família.
Com
informações portal O Povo Online
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