Cine Holliúdy 2 - A Chibata Sideral estreia no Nordeste e no Distrito Federal (Foto: Divulgação) |
Pacatuba,
Região Metropolitana de Fortaleza, 1980. Ou nas brenhas, pra lá da baixa da
égua, no tempo que o King Kong era soim. Perdido após o encerramento das
atividades do decadente Cine Holliúdy, que não resistiu aos fascínios dos tubos
televisivos, Francisgleydisson (Edmilson Filho) amofinou-se na cachaça ao lado
do bêbado Lhé-Gué-Lhe (João Netto) para chorar a má sorte dos artistas no
Interior do Ceará. Trocando as pernas, a dupla viveu uma experiência que mais
parece história de mentiroso: uma abdução alienígena por um disco voador.
"É não, macho", desacreditou até mesmo a polícia. Inconformado com os
olhares duvidosos, o protagonista decidiu ingressar numa viagem intergaláctica
e gravar um filme de ficção científica encenado pelos moradores da cidade. A
saga do cinema de vaquinha, produzido e financiado popularmente, é enredo do
Cine Holliúdy 2 - A Chibata Sideral. O longa estreia no Nordeste e no Distrito
Federal na próxima quinta, 21.
Terceira
obra fílmica da trilogia - "involuntária", destaca o diretor cearense
Halder Gomes - Cine Holliúdy (2013) e O Shaolin do Sertão (2016), o novo Cine
Holliúdy 2 apresenta ao público uma produção amadurecida pela experiência dos
realizadores no cinema nacional.
Em uma narrativa clássica, com mocinhos e
vilões bem determinados, o longa retrata a transformação do atormentado
Francisgleydisson em um cineasta que precisa conciliar o desejo de trabalhar
com audiovisual e a manutenção financeira da família. O comedorzim de rapadura
Francin (Ariclenes Barroso) cresceu e, agora, segue o pai nessa empreitada
duramente criticada pela esposa Maria das Graças (Miriam Freeland) e a sogra
Dona Conceição (Gorete Milagres). Determinado a narrar a mirabolante história
de Lampião enfrentando os seres extra-terrestres, Francis aproveita o frenesi
da campanha eleitoral e recorre ao patrocínio do prefeito Olegário (Roberto
Bomtempo) e da primeira-dama Justina Ambrósio (Samantha Schmütz) para
transformar a modesta Pacatuba na estribada Paccawood. Mas a
"hollywoodização" não dá lá muito certo e Francis se vê num balaio de
gato: como fazer cinema sem dinheiro?
Francisgleydisson,
em Cine Holliúdy 2, carrega muito do diretor Halder Gomes. O precursor Cine
Holliúdy, à época do seu lançamento, levou quase 500 mil espectadores às salas
de cinema e faturou 4,9 milhões de reais - mas, antes, foi rejeitado quatro
vezes em editais dos quais participou e ignorado por importantes festivais no
País. Furando o eixo de produção Rio-São Paulo, o cearense mantém firme na
trama a resistência necessária na produção artística contemporânea.
"Cinema se resume em um grande esforço de muita gente pra transformar
texto em sonho. No caso do Francisgleydisson, o filme completa uma trilogia que
fala sobre a influência do cinema de gênero na cultura popular do Nordeste.
Agora, a gente vem prestar uma grande homenagem à produção mambembe de cinema
no Brasil. As pessoas têm vontade de fazer cinema e não têm recursos, mas o
sonho é maior que a dificuldade orçamentária e isso se tornar possível de forma
coletiva", partilha Halder. "Cine 2 é uma coisa que não se parece com
nada além dele mesmo. Aqui, a comédia é igual a coceira de macaco: não acaba,
não", ri-se.
Mais
arriscado que o filme de 2013, Cine 2 não perde o ritmo da comédia - o humor
moleque promove a identidade cearense da obra do começo ao fim, em um linguajar
tão próprio que o recurso das legendas é utilizado para democratizar a
compreensão dos diálogos. Mas, como bem destaca o elenco, "mangar" e
"frescar" são mesmo ações universais.
"A gente está criando um
laboratório interessante dentro da própria comédia. As pessoas dizem que é difícil
encaixar filme de gênero no Brasil, como a própria ficção científica, mas todo
mundo em Quixadá diz que já foi abduzido, que viu disco voador, é chibata pra
todo lá. Isso já estava dentro do nosso imaginário e foi fácil encontrar essa
costura", continua Halder.
Um
dos destaques mais positivos do filme, o cantor e humorista Falcão interpreta o
personagem Cego Isaías no longa - "cego não! Cinféfilo Isaías. Especialita
de Fritz Lang a Stanley Kubrick". Defensor e estudioso do chamado
cearensês, o artista celebra iniciativas como Cine 2. "Essa linguagem é
uma coisa que eu considero de maior importância para a cultura cearense. Furar
esse cerco no cinema e colocar o Cine Holliúdy no circuito foi uma grande
vantagem".
Uma
coisa é certa: se Cine 2 perdeu a ingenuidade latente do primeiro longa de
Halder Gomes, manteve a leveza e a precisão de uma produção que encontrou seu
lugar. O resultado não poderia ser mais delicioso.
"Eu comparo a arte com
a comida. Quando a comida é boa, ela vai agradar as pessoas e elas vão voltar e
falar sobre. Cine Holliúdy 2 é um prato cheio de qualidade, de referências, de
amor, de paixão. É tudo movido pela paixão", encerra Samantha Schmütz.
Cine
Holliúdy 2 - A Chibata Sideral - Estreia: 21 de março de 2019
Roteiro:
L.G Bayão, Halder Gomes e Edmilson Filho
Direção:
Halder Gomes
Produção:
Carlos Diegues, Mayra Lucas e Halder Gomes
Com
informações portal O Povo Online
Nenhum comentário:
Postar um comentário
A Administração do Blog de Altaneira recomenda:
Leia a postagem antes de comentar;
É livre a manifestação do pensamento desde que não abuse ou desvirtuem os objetivos do Blog.