O
presidente Jair Bolsonaro disse ontem (28/03) que não pediu para os quartéis
comemorarem, e sim "rememorarem", os 55 anos do 31 de março de 1964 -
data que marca o início do período ditatorial no Brasil, que durou 21 anos.
"Não foi comemorar. Rememorar, rever, ver o que está errado, o que está
certo. E usar isso para o bem do Brasil no futuro", afirmou ele, na
cerimônia de aniversário da Justiça Militar, na qual foi condecorado.
Na segunda-feira
passada, Bolsonaro orientou os quartéis a comemorarem a passagem da data. No
dia seguinte, o porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros, confirmou que
o presidente havia pedido ao Ministério da Defesa que faça as
"comemorações devidas" da efeméride.
A
mudança de discurso ocorre um dia após o Ministério Público Federal, numa ação
coordenada com Procuradorias em 19 Estados, recomendar que unidades militares
em todo o País se abstenham de "promover ou tomar parte de qualquer
manifestação pública, em ambiente militar ou fardado, em comemoração ou
homenagem ao período de exceção instalado a partir do golpe militar de 31 de
março de 1964".
Nessa
quinta-feira, o Exército encaminhou ofício às unidades militares informando que
estão mantidas as comemorações "previamente agendadas". Em caráter
"urgentíssimo", o documento do chefe interino do gabinete do
comandante do Exército, Francisco Humberto Montenegro Júnior, orienta as
autoridades militares que receberam as recomendações a aguardar a conclusão de
pareceres jurídicos do Ministério da Defesa para mandar respostas ao MPF.
Militares
do Exército fizeram ontem uma comemoração silenciosa, e antecipada, do 31 de
março, no Comando Militar do Sudeste, em São Paulo. Houve ordem expressa, no
entanto, para que os generais não dessem declarações ou concedessem
entrevistas, para evitar que o ato fosse alvo de questionamento judicial. Além
disso, houve pedidos para que a imprensa não participasse.
O
evento, que durou menos de uma hora, foi aberto com uma declaração do
cerimonial de que a se tratava de uma "rememoração do fato
histórico". O local escolhido foi a Praça Mário Kozel Filho, soldado morto
em 1968 na explosão de um carro-bomba.
Foi
lida uma ordem em que as Forças Armadas dizem "reconhecer" o papel da
"geração militar" que deu início à ditadura, chamada na comemoração
de "revolução democrática". "Só lembramos o fato
histórico", disse o deputado estadual capitão Castelo Branco (PSL), que é
sobrinho-neto do primeiro presidente do regime militar, o marechal Humberto
Castelo Branco.
Bolsonaro
compara ditadura com casamento
O
presidente Jair Bolsonaro voltou a comparar o debate sobre o período da
ditadura militar e vítimas do regime com o fim de um casamento. Ao falar sobre
eventuais excessos no período, Bolsonaro disse que não se deve voltar
"naquele assunto do passado, aquele mal-entendido".
"Vamos
supor que fôssemos casados, tivéssemos um problema, resolvêssemos nos perdoar
lá na frente... É para não voltar naquele assunto do passado, que houve aquele
mal entendido entre nós. A Lei da Anistia está aí e valeu para todos",
disse Bolsonaro. Ele respondeu a um questionamento sobre a falta de um
mea-culpa na ordem do dia das Forças Armadas, que será lida em alusão aos 55
anos da ditadura.
Mais
uma ação popular pediu à Justiça que barre a comemoração de 31 de março,
ordenada pelo presidente Jair Bolsonaro aos quartéis.
Na
terça-feira, 26, um advogado e um defensor público federal pediram que a
Presidência se abstivesse de celebrar a data. A juíza federal da 6ª Vara de
Brasília, Ivani da Silva Luz, mandou na quarta-feira, 27, intimar Bolsonaro
sobre ação popular do advogado Carlos Alexandre Klomphas.
Com
informações portal O Povo Online
Leia
também:
Bolsonaro, redes sociais e as massas, por Érico Firmo
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