No
início da semana, o administrador de empresas e advogado, Geraldo Luciano,
escreveu um artigo, na página aqui ao lado, com o título "Um adeus à velha
política?" O texto traz pelo menos duas possibilidades de mudança e uma
certa esperança de que as coisas na política devem estar em rota de alteração,
diante da alta consciência do eleitorado. Um dos exemplos de postura positiva é
o caso do senador Eduardo Girão que, ao assumir o Senado, teria dispensado
"regalias, privilégios e cortado o número de assessores". Não há nada
demais nisso. O senador Eduardo Girão não faz mais do que sua obrigação em
arcar com os compromissos de campanha. Antes disso, seu discurso sempre foi
embasado na "valorização da vida, na construção da paz e no exercício da
ética". Seria de estranhar que mal chegando ao Senado, esse homem abolisse
todo o seu discurso.
No
mais, quase tudo nesse governo já me parece atrasado e ultrapassado. Mesmo o
pessoal da escola de Chicago, de quem eu esperava um mínimo de propostas
inteligentes e concretas para o País, às vezes, tenho a sensação de que eles
estão perdidos e não conseguem entregar nem o rascunho da pauta econômica. No
campo da política, Daniel Queiroz, Flávio Bolsonaro, Marcelo Álvaro Antônio dão
provas de que mudança mesmo só a descoberta do potencial do WhatsApp na
campanha política. E o blá-blá-blá do presidente nas lives falando duas ou três
bobagens para devotos.
Quer
algo mais ultrapassado que o discurso do ministro da Educação? O homem quer
restaurar Moral e Civismo nas escolas, quando deveria estar preocupado com
robótica, inteligência artificial e ética num mundo pós-humano, que é
justamente o ambiente que os meninos de hoje vão viver. Chamar jovens
brasileiros de "canibais" e ladrões de hotéis quando viajam foi de
uma ausência completa de elegância. Tem menino levado da breca em todos os
continentes, mas isso nunca será uma unanimidade. Os meus filhos, até o momento
em que escrevo este artigo, nunca trouxeram para casa nem pacotinho de açúcar
de restaurante de aeroporto. Eu fiquei me perguntando como um discurso consegue
ser tão pobre, vindo de um ministro. De Educação. Mas o pior é este gestor
público considerar que a "Universidade não é para todos e, sim, para uma
elite intelectual", pois "nem todos estão preparados para ela".
Então, é o Ministério da Educação do Brasil que vai dizer - e escolher - quem é
essa elite intelectual? Voltamos ao século XV?
Quando
o discurso não é atrasado demais é descompassado como o do responsável pela
Secretaria Especial da Desburocratização, Paulo Uebel, que promete restringir
concursos, e cortar 21 mil cargos digitalizando praticamente todos os processos
dos órgãos públicos, subtraindo funções presenciais e substituindo tudo pela
Internet. Isso é ótimo nas universidades. Mas ainda há um contingente imenso de
pessoas semi-analfabetas e completamente analfabetas digitais que poderão ficar
ainda mais distantes do serviço público. O Estado existe para servir ao
cidadão, promover bem estar e justiça social por meio de políticas eficientes.
Pobre desse governo que posa de entender muito de "tudo", mas não
sabe nada sobre "todos".
Publicado
originalmente no portal O Povo Online
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