Para os técnicos não há comparativos reais entre barragem de Brumadinho com as cearenses (Foto: Wanderson Trindade) |
A
comoção que tocou brasileiros depois da tragédia de Brumadinho também levantou
um questionamento: “E se fosse aqui?”. Após o desastre acontecido na cidade
mineira, relatório da Agência Nacional de Águas (ANA) apontou que oito açudes
cearenses apresentam alto risco. De acordo com órgãos responsáveis por
monitorar e fiscalizar recursos hídricos no Estado, no entanto, a possibilidade
de rompimento é descartada.
Durante
discussão promovida pelo Conselho Estadual do Meio Ambiente (Coema), realizada
na Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), na tarde desta
quinta-feira, 7, representantes de diferentes instituições explicaram que o
termo de classificação utilizado pela ANA não retrata uma real chance de
ruptura. Diretor de operações da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos
(Cogerh), Bruno Rebouças afirmou que um dos fatores responsáveis por aumentar o
grau de risco acontece pela própria formação histórica do povo cearense.
De
acordo com ele, por sofrer constantemente com secas, naturalmente os cearenses
sempre buscaram estar próximos a reservas de água, o que representaria por si
só uma possível ameaça. “Então independentemente da barragem oferecer risco de
ruptura, ela já é classificada com nível potencial alto por causa das
populações instaladas abaixo dela”, explicou.
Titular
da Secretaria de Recursos Hídricos (SRH), Francisco Teixeira afasta qualquer
paralelo feito entre barragens cearenses com a que rompeu em Brumadinho, no
último dia 25 de janeiro. “A barragem de Brumadinho não tem nada a ver como as
que são feitas para acúmulo de água. Seja o Governo do Estado, seja o Dnocs
(Departamento Nacional de Obras Contra as Secas), ninguém faz barragem como
essas de rejeitos”, declarou.
Para
construir esse tipo de empreendimento no Ceará, é preciso obter autorizações
expedidas pela Semace, que atualmente monitora 155 barragens. Dessas, 81 são de
responsabilidade do Dnocs que, segundo Teixeira, “tem tradição secular”, desde
a construção do açude de Cedro, em Quixadá. “Não se tem notícia de barragem do
Dnocs arrombada”.
Representante
do departamento na reunião, Raquel Rebouças celebrou a segurança das
construções da instituição, mas alertou ainda sobre imprevistos que podem
acontecer. Como exemplo ela citou o rompimento da barragem do açude de Orós, em
26 de março de 1960, quando a obra não estava completamente finalizada. O livro
a “Tragédia do Orós”, do economista Pedro Sisnando Leite, retrata que “em 4
dias precipitaram-se 400 milímetros e, em 10 dias ou 12 dias, mais de 700
milímetros, o que é equivalente quase à descarga pluviométrica de um ano de
regular inverno”.
“Houve
um desastre de grande proporção, mas a construção não estava acabada e as
chuvas foram anormais”, enfatizou, ponderando em seguida: “Agora temos que
discutir o compartilhamento de responsabilidades. Uma instituição sozinha não
consegue manter com regularidade e com confiança a segurança das barragens”.
Representando
o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará (Crea-CE), Emanuel Maria
Mota enfatizou que o acidente ocorrido em Brumadinho impactou tanto o meio
ambiente quanto a sociedade, devido às 157 mortes registradas. “Mas é preciso
não majorar o problema, porque o que vemos de lá de Minas Gerais não é a
realidade daqui do Ceará”, assegurou.
Ele
informou ainda que o Governo Estadual possui cerca de 30 mil barragens para
monitorar, ao mesmo tempo que não tem técnicos o suficiente para tal. “Mas o
Crea Ceará tem 30 mil profissionais registrados, então existe braço para fazer
esse monitoramento”, manifestou.
Com
informações portal O Povo Online
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