Após
três décadas ditando os rumos da política no País, MDB, PT e PSDB viram-se
apeados não apenas da presidência das duas Casas legislativas, mas também dos
cargos da Mesa Diretora da Câmara. É a primeira vez desde a redemocratização
que as três siglas, que concentram o maior número de filiados, ficam de fora
dos postos de comando da Casa.
As
legendas tiveram de se contentar com vagas de suplência para que não ficassem
totalmente alijadas do arranjo capitaneado por Rodrigo Maia (DEM-RJ). Em outro
lance, o PT ainda corre o risco de perder a liderança da minoria na Casa, por
força de pressão de bloco encabeçado por PDT e PCdoB.
No
Senado, o desenho final costurado por Davi Alcolumbre (DEM-AP) ajudou a atenuar
a perda de espaço do PSDB, que conquistou a 1ª vice-presidência. O MDB, que
mirava a presidência com Renan Calheiros, acabou ficando com uma das
secretarias. Já o PT perdeu a 1ª secretaria e passou a ter a 3ª suplência da
Mesa.
Cabe
à Mesa Diretora dirigir os trabalhos legislativos. Esses cargos também
concentram poderes como examinar ressarcimentos de despesas médicas, pedidos de
passagens áreas e emissão de passaportes diplomáticos. Além de conferir
prestígio, são vagas importantes para os partidos tendo em vista os cargos de
assessoria a que têm direito.
O
ocaso de PT, MDB e PSDB na Câmara é visto como reflexo do desempenho que
tiveram nas urnas e de erros de estratégia após a eleição, segundo
parlamentares ouvidos pela reportagem. "Novas forças políticas emergiram.
Estamos na Legislatura do 'se vira nos trinta', diversas bancadas com cerca de
30 deputados. Isso alterou também o peso de cada partido na hora da
negociação", diz Marcos Pereira (PRB-SP), deputado em primeiro mandato e
que foi eleito 1º vice-presidente da Câmara.
O MDB, que já teve a
maior bancada da Casa, foi o que mais minguou na última eleição: saiu de 66
eleitos, em 2014, para 34 em 2018. Hesitou em unir-se ao bloco costurado por
Maia, selando o apoio somente às vésperas da eleição, quando as principais
vagas da Mesa já haviam sido negociadas. Ficou com uma suplência e ainda
disputa nos bastidores a presidência de uma comissão importante. Desde a
Constituinte, o partido jamais ficara sem um posto na Mesa Diretora.
"Tinham a fonte a seu lado, não deram bola, e agora terão de se contentar
com um copo d'água", diz o deputado Hugo Leal, do PSD, um dos primeiros
partidos a fecharem com Maia.
Maia
começou a costurar acordos para se manter na presidência ainda no ano passado.
Entrou em 2019 com acertos adiantados com Gilberto Kassab (PSD) e Valdemar
Costa Neto (PR). Sem um nome competitivo, o PSL, partido do presidente Jair
Bolsonaro, desistiu de tentar a presidência e fechou acordo com Maia em troca
de um lugar na mesa e da presidência das comissões de maior relevo da Casa. Foi
a senha para que outras siglas, como o PRB, se unissem ao bloco.
O
PSDB até correu para se acertar com Maia logo nos primeiros dias do ano, mas
seu poder de fogo estava limitado. Com 54 deputados e a terceira maior bancada
na Legislatura passada, os tucanos chegaram em 2019 com 29 parlamentares, a
oitava maior bancada. "A negociação política permitiu que o PSDB não
perdesse tanto espaço", diz Carlos Sampaio, líder do partido na Câmara.
Segundo ele, o PSDB terá nomes em comissões e outros cargos da Casa. Desde sua
fundação, em 1988, o PSDB só ficara uma vez sem cargo na mesa, na presidência
de Ibsen Pinheiro, em 1991.
Mesmo
tendo eleito a maior bancada no ano passado, com 56 deputados, o PT ficou
apenas com uma vaga de suplente na mesa e deve ter o comando de uma comissão de
menor importância. Manteve, assim, situação da legislatura passada. Desde 1997,
quando passou a ter cargo na Mesa Diretora, o PT experimentara dois hiatos: de
2005 a 2007, quando Severino Cavalcanti (PP-PE) foi eleito, alijando o partido
do então governo do comando, e de 2015 para cá, com as eleições de Eduardo
Cunha (PMDB-RJ) e Rodrigo Maia.
Com
informações portal O Povo Online
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