A
proposta de Reforma da Previdência apresentada ao Congresso Nacional apresenta
questões "flagrantemente criminosas", avalia Ciro Gomes (PDT), que
ontem palestrou sobre políticas públicas para a juventude na Rede Cuca.
O
ex-presidenciável criticou o texto apresentado pelo presidente Jair Bolsonaro
(PSL) e garantiu: "Do jeito que está não passa". Contudo, Ciro diz
que ainda está estudando o projeto e que não costuma "dar opiniões
superficiais sobre coisas que são complicadas".
Entre
os pontos questionados por Gomes está a modificação das regras para quem recebe
o Benefício de Prestação Continuada (BPC), caracterizada por ele como "um
crime intolerável".
A
proposta do governo determina que idosos sem meios de se sustentar, terão que
aguardar até os 70 anos para receber o benefício, no valor de um salário
mínimo, com a proposição de receber um valor menor, de R$ 400, a partir dos 60
anos de idade. Atualmente, o benefício é pago a idosos com 65 ou mais e também
a pessoas com deficiência.
Há
outras medidas que, segundo ele, "desconsideram o Brasil real".
"(A reforma) É muito menos comprometida com a sensação de privilégios, que
é o verdadeiro problema da previdência. Cadê os militares?", questiona o
ex-ministro da Fazenda, corroborando com uma das críticas mais recorrentes ao
projeto.
"É
claro que eles são uma carreira à parte, mas repare bem: os militares hoje
custam R$ 47 bilhões à Previdência e recolhem R$ 4 bilhões. Portanto, o maior
buraco relativo da previdência é dos militares", argumenta.
O
prefeito Roberto Cláudio (PDT) concorda com o correligionário sobre a falta de
proposições que reduzam privilégios, já que seriam estes, segundo ele, o motivo
para a distorção da previdência. "E há a preocupação de não dar tratamento
diferenciado a situações distintas que existem na sociedade, principalmente
proteger aqueles mais pobres, que estão na zona rural", completa. Contudo,
ele reconhece que "a iniciativa de debater a Previdência é
importante".
Ciro
Gomes apresentou ainda críticas enfáticas quanto à maneira como Bolsonaro está
guiando o processo de formulação da proposta e envio para os parlamentares.
"Eu acredito, querendo ter de boa fé, que eles mandaram esse negócio tão
ruim assim para ter margem para negociar", afirmou.
Ele
explica, entretanto, que a estratégia para formular a reforma previdenciária
deveria ter sido "abrir uma discussão generosa e chamar todo mundo para
participar, trazer as ideias de todo mundo", para que assim a votação nas
casas legislativas "fosse apenas homologatória do grande entendimento de
trabalhadores, empresários, universidade, políticos". "É o que eu
faria se fosse presidente", afirma.
"(Mas)
Não, preferiu manter a sete chaves, não discutir com ninguém e mandar direto de
cima para baixo. (...) Não vamos deixar essa reforma passar goela abaixo, na
marra", garantiu o pedetista. Segundo ele, a previsão é que haja discussão
da matéria, pelo menos, até o fim de maio, tempo no qual espera que seja
possível formar a opinião e também fazer sugestões quanto ao texto da reforma.
Com
informações portal O Povo Online
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