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1 de fevereiro de 2019

Cenário hídrico é preocupante para 2019

Vista parcial do Açude Castanhão em 2009 (Foto: Arquivo Jornal O Povo)
Sangria de grandes açudes, inundações, boas colheitas e transtornos. Esse foi o cenário vivido no Ceará há dez anos: 2009 entrou para a história do Estado como o último ano de grandes cheias, com chuvas muito acima da média e açudes transbordando. Naquele ano, as precipitações registraram média 53,1% maior que a histórica. Observou-se 1.125,7 milímetros (mm), de acordo com a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). E foi o suficiente para render segurança de água ao sertanejo por alguns anos. A quadra chuvosa que começa neste 1º de fevereiro não suscita a mesma esperança.

Mesmo com o prognóstico de 40% de chances das chuvas serem em torno da média histórica para os meses de fevereiro, março e abril de 2019, a preocupação com a matriz hídrica é alta. O cenário não é confortável, com o sistema começando a quadra com 10,46% do total possível.

A cheia dos principais e maiores açudes do Estado (correspondentes a 60% da reserva), Castanhão, Orós e Banabuiú, só seria possível com chuvas intensas e concentradas. A previsão para a região Centro-Sul, onde alguns deles ficam localizados, no entanto, é de precipitações abaixo da média.

Conforme Raul Fritz, meteorologista da Funceme, as chuvas de 2009 contribuíram para garantir reservas hídricas e fazer o Estado atravessar o período de seca. "Mas, já faz dez anos, e a gente espera que algum ano semelhante venha para voltar a recuperar nossa reserva de água. Estamos precisando de um ano muito chuvoso", define.

Inaugurado no fim de 2003 e com sua primeira sangria em 2004, o açude Castanhão, na Região Hidrográfica do Médio Jaguaribe, em 2009 teve todas suas comportas abertas e encheu quase totalmente sua capacidade de 6,7 bilhões de metros cúbicos (m³). O maior reservatório do Ceará começou aquele ano já com 79,61% de seu potencial em janeiro. O ápice se deu em maio, último mês da quadra chuvosa: 97,82% era o volume do açude no dia 16 de maio de 2009, segundo relatórios da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh). Hoje, o Castanhão está com apenas 3,77%.

Com o auge das precipitações, a preocupação também roubou a cena. À época, O POVO percorreu a Região Norte do Ceará, a mais afetada pelas enchentes e encontrou cidades inundadas, famílias desabrigadas e plantações perdidas. Em Santana do Acaraú, a 240 km de Fortaleza, 70% da safra plantada foi perdida. A situação se alastrou. Em junho de 2009, 133 dos 184 municípios cearenses haviam decretado estado de emergência.

Devido às intensas chuvas de 2009 e 2011, o cearense ficou na "zona de conforto", de acordo com o titular da Secretaria dos Recursos Hídricos (SRH), Francisco Teixeira. "O início dos anos 2000 foi muito importante no quesito chuva e recursos hídricos. Em 2004, o Castanhão teve a primeira sangria após somente 40 dias de inauguração. Nos anos seguintes, as chuvas seguiram na média e veio 2009 e 2011. Ganhamos quase uma década de conforto", reconta o secretário.

Em 2009, o Estado ainda vivia os reflexos de 2004, ano em que choveu 1.038,7 mm e teve "praticamente todos os açudes cheios", segundo Francisco Teixeira.

Àquela época era comum ter mais de 100 reservatórios sangrando. "Hoje em dia, sangra oito, dez açudes e a gente já tá comemorando. O sertanejo fica muito ansioso. O que é ruim é a estiagem", comenta o secretário.

Hoje a quadra chuvosa tem início. A situação em nada lembra 2009 e preocupa o cearense. Dos 155 açudes monitorados pela Cogerh, 105 estão abaixo de 30% da capacidade. E tem sido assim nos últimos anos, após estiagem que o Estado atravessa faz sete anos.

Francisco Teixeira, pelo histórico do semiárido, aponta que períodos de estiagem para o Ceará são comuns. "Temos chuvas muito irregulares. Isso serve mais como um ensinamento: mesmo em períodos de abundância, tem de ter política de recursos hídricos", pondera.

É preciso olhar para o futuro e continuar a administrar com cuidado os recursos. Teixeira atenta para a manutenção do três pilares da gestão de água: tecnologia para previsões melhores, economia de água e diversificação da matriz hídrica.

Com informações portal O Povo Online

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