Após
um fim de semana e uma segunda-feira de expectativa e articulações, o porta-voz
do governo de Jair Bolsonaro (PSL), Otávio Rêgo Barros, confirmou na noite de
ontem (18/02) que o ministro Gustavo Bebianno, da Secretaria-Geral da Presidência,
sairá do cargo.
Em seu lugar, assumirá o general Floriano Peixoto de forma
definitiva. Ele, que estava na Secretaria-Executiva da pasta, é o oitavo
militar a se tornar ministro.
Bebianno
é o protagonista da maior crise nos primeiros meses do novo governo, suspeito
de irregularidades em campanhas do PSL e envolvido em rusgas com um dos filhos
do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro (PSL-RJ). A demissão já era dada
como certa desde a última sexta, 15.
Otávio
Rêgo Barros afirmou que o motivo para a decisão de exonerar Bebianno era de
"foro íntimo" do presidente. Segundo ele, Bolsonaro "demandou o
tempo necessário para tomar sua decisão considerando vários atores".
Minutos
depois, em vídeo divulgado nas redes sociais, o presidente disse que
"diferentes pontos de vista sobre questões relevantes levaram à
reavaliação" da situação do agora ex-ministro.
Bolsonaro
disse que reconhece que o trabalho de Bebianno "foi importante para o
êxito da campanha", mas, segundo ele, "pode ter havido incompreensões
de questões mal entendidas de parte a parte". Na gravação, Bolsonaro
afirmou que "reconhece a dedicação e o comprometimento do senhor Gustavo
Bebianno".
Na
semana passada, Bolsonaro chegou a afirmar, em entrevista à TV Record, que o
ministro havia mentido sobre conversas que os dois teriam mantido enquanto o
presidente estava internado em um hospital em São Paulo.
Esperada
para ontem, a exoneração de Bebianno não foi publicada na edição regular do
Diário Oficial da União (DOU). Ao longo de todo o fim de semana, o presidente
Bolsonaro e auxiliares, como o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, tiveram
reuniões para encontrar uma forma "honrosa" de demitir Bebianno, que
teria recursado cargos na estatal de Itaipu e na embaixada de Roma.
O
vice-presidente Hamilton Mourão saiu em defesa do presidente, criticado por ter
demorado muito a decidir pela demissão de Bebianno, prorrogando a crise pelo
fim de semana. "Ele agiu com a cautela necessária", declarou
Ontem,
Bebianno teve dia recluso e disse que está recebendo ameaças pelo WhatsApp. O
ministro não deu mais detalhes sobre as ameaças, que teriam se iniciado no fim
de semana, mas falou a interlocutores que já identificou algumas pessoas e que
vai tomar previdências.
Nesta
segunda-feira, os filhos de Bolsonaro voltaram a atacar Bebianno nas redes
sociais. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) divulgou link de um
texto que chama o ministro de "traidor" e "funcionário
incompetente".
O
desgaste está preocupando o segmento militar do governo, que considera que a
crise já foi muito além do que deveria. Para interlocutores diretos do
presidente, é preciso encerrar o capítulo Bebianno o quanto antes. O
entendimento é de que se deve focar na agenda positiva para não afetar
tramitação de pautas do Governo, como a Previdência.
O
presidente já foi avisado, contudo, de que Bebianno poderá "sair
atirando", trazendo problemas de campanha para a mídia.
Com
informações portal O Povo Online
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