19 de fevereiro de 2019

Cai o primeiro ministro de Bolsonaro

Após um fim de semana e uma segunda-feira de expectativa e articulações, o porta-voz do governo de Jair Bolsonaro (PSL), Otávio Rêgo Barros, confirmou na noite de ontem (18/02) que o ministro Gustavo Bebianno, da Secretaria-Geral da Presidência, sairá do cargo. 

Em seu lugar, assumirá o general Floriano Peixoto de forma definitiva. Ele, que estava na Secretaria-Executiva da pasta, é o oitavo militar a se tornar ministro.

Bebianno é o protagonista da maior crise nos primeiros meses do novo governo, suspeito de irregularidades em campanhas do PSL e envolvido em rusgas com um dos filhos do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro (PSL-RJ). A demissão já era dada como certa desde a última sexta, 15.

Otávio Rêgo Barros afirmou que o motivo para a decisão de exonerar Bebianno era de "foro íntimo" do presidente. Segundo ele, Bolsonaro "demandou o tempo necessário para tomar sua decisão considerando vários atores".

Minutos depois, em vídeo divulgado nas redes sociais, o presidente disse que "diferentes pontos de vista sobre questões relevantes levaram à reavaliação" da situação do agora ex-ministro.

Bolsonaro disse que reconhece que o trabalho de Bebianno "foi importante para o êxito da campanha", mas, segundo ele, "pode ter havido incompreensões de questões mal entendidas de parte a parte". Na gravação, Bolsonaro afirmou que "reconhece a dedicação e o comprometimento do senhor Gustavo Bebianno".

Na semana passada, Bolsonaro chegou a afirmar, em entrevista à TV Record, que o ministro havia mentido sobre conversas que os dois teriam mantido enquanto o presidente estava internado em um hospital em São Paulo.

Esperada para ontem, a exoneração de Bebianno não foi publicada na edição regular do Diário Oficial da União (DOU). Ao longo de todo o fim de semana, o presidente Bolsonaro e auxiliares, como o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, tiveram reuniões para encontrar uma forma "honrosa" de demitir Bebianno, que teria recursado cargos na estatal de Itaipu e na embaixada de Roma.

O vice-presidente Hamilton Mourão saiu em defesa do presidente, criticado por ter demorado muito a decidir pela demissão de Bebianno, prorrogando a crise pelo fim de semana. "Ele agiu com a cautela necessária", declarou

Ontem, Bebianno teve dia recluso e disse que está recebendo ameaças pelo WhatsApp. O ministro não deu mais detalhes sobre as ameaças, que teriam se iniciado no fim de semana, mas falou a interlocutores que já identificou algumas pessoas e que vai tomar previdências.

Nesta segunda-feira, os filhos de Bolsonaro voltaram a atacar Bebianno nas redes sociais. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) divulgou link de um texto que chama o ministro de "traidor" e "funcionário incompetente".

O desgaste está preocupando o segmento militar do governo, que considera que a crise já foi muito além do que deveria. Para interlocutores diretos do presidente, é preciso encerrar o capítulo Bebianno o quanto antes. O entendimento é de que se deve focar na agenda positiva para não afetar tramitação de pautas do Governo, como a Previdência.

O presidente já foi avisado, contudo, de que Bebianno poderá "sair atirando", trazendo problemas de campanha para a mídia.

Com informações portal O Povo Online

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