20 de fevereiro de 2019

Áudios comprovam que Bolsonaro mentiu sobre conversas com Bebiano


Áudios divulgados ontem (19/02) pelo portal da revista Veja revelam que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) manteve conversas com o então secretário-geral da Presidência, Gustavo Bebianno, ao menos três vezes nos dias que antecederam a demissão do ministro, assinada na última segunda-feira.

Entre os temas abordados por Bolsonaro e o ex-secretário nas mensagens divulgadas pela revista Veja nessa terça, está a crise aberta com as denúncias de candidaturas de "laranjas" do PSL em Minas Gerais e Pernambuco, reveladas pela Folha de S. Paulo e que desgastaram o então ministro.

O teor das mensagens contraria versão de Bolsonaro segundo a qual não chegou a conversar com Bebianno, que já tinha negado, em entrevista ao O Globo na semana passada, que representasse um fator de instabilidade para o Planalto por causa das acusações envolvendo as candidatas-laranja - ele presidiu o PSL durante as eleições de 2018.

Ao jornal, para aparentar normalidade, Bebianno afirmou que, apenas naquela terça-feira, 12, havia falado com Bolsonaro três vezes. Foi o estopim da audionovela envolvendo três personagens principais: além do próprio Bebianno, Bolsonaro e seu filho, Carlos, vereador pelo Rio de Janeiro.

Na quarta-feira, 13, o "zero dois", como Carlos é conhecido, usou as redes sociais para chamar o ministro de mentiroso. O parlamentar disse que tinha estado com o presidente por 24 horas enquanto ele era mantido internado e que, em nenhum momento, Bolsonaro conversara com o secretário-geral.

No Twitter, o perfil de Bolsonaro compartilhou a postagem do filho, que incluía um áudio do presidente no qual ele se recusava a falar com Bebianno. No mesmo dia, em entrevista à TV Record, o chefe do Executivo endossaria a acusação de que o ministro tinha mentido.

As gravações reveladas ontem pela Veja mostram que, se alguém mentiu, não foi Bebianno. Os diálogos, se autênticos, indicam que o presidente e o ministro conversaram sobre as acusações de que o pesselista e o ministro do Turismo eram alvo.

Num dos áudios, Bolsonaro diz: "Querer empurrar essa batata quente desse dinheiro lá pra candidata em Pernambuco pro meu colo, aí não vai dar certo. Aí é desonestidade e falta de caráter".

O presidente também acusa o ex-secretário de "pregar notas" em sites e jornais para prejudicá-lo e antecipa que a "Polícia Federal vai entrar no circuito, já entrou no circuito, pra apurar a verdade".

Nas conversas, Bolsonaro mostra-se especialmente irritado com audiência agendada entre Bebianno e um representante da Rede Globo no Planalto e ordena que a cancele.

Antes, o ministro lhe havia remetido uma mensagem, datada de 12/2, anunciando que receberia o vice-presidente de Relações Institucionais do Grupo Globo, Paulo Tonet Camargo. O secretário-geral quis saber: "Algo contra, capitão?".

Bolsonaro respondeu: "Gustavo, o que eu acho desse cara da Globo dentro do Palácio do Planalto: eu não quero ele aí dentro. Qual a mensagem que vai dar para as outras emissoras?".

Às investidas de Bolsonaro, Bebianno reafirmou que tinha trocado "mensagens três vezes ao longo do dia, capitão", forma pela qual se dirige sempre ao presidente.

O ex-secretário completou: "Falamos da questão do institucional do Globo. Falamos da questão da viagem. Falamos por escrito, capitão. Qual a relevância disso, capitão?".

O ministro então afirma que Bolsonaro deveria "tirar isso do lado pessoal" e que "ele (Carlos) não pode atacar um ministro dessa forma".

Com informações portal O Povo Online

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