O
deputado federal Jean Wyllys (Psol-RJ) anunciou ontem (24/01) que desistiu de assumir
seu terceiro mandato na Câmara e disse que tomou a decisão por sofrer ameaças e
temer por sua vida. Jean Wyllys foi reeleito em outubro com 24.295 votos.
A
informação foi antecipada pelo jornal Folha de S.Paulo e, na sequência, o
parlamentar confirmou a decisão em sua conta no Twitter. "Preservar a vida
ameaçada é também uma estratégia da luta por dias melhores", escreveu
o deputado do Psol, que conta com
escolta policial e deverá deixar o País.
Jean
Wyllys foi o primeiro parlamentar assumidamente gay a defender a causa LGBT no
Congresso Nacional.
A
renúncia ainda não foi oficializada. Quando confirmada, a vaga será ocupada por
David Miranda, também do Psol.
Também
no Twitter, o deputado federal deu destaque a um post de abril de 2018 com um
vídeo no qual mostra ameaças de morte a ele pelas redes sociais, além de
acusações de pedofilia e pornografia infantil. O vídeo também associa a
vereadora carioca assassinada Marielle Franco, do mesmo partido de Jean Wyllys,
como personalidade política que também sofreu ameaças de morte.
Colegas
do deputado do Psol lamentaram a sua decisão nas redes sociais. "A decisão
de deixar o Brasil é sintoma deste tempo sombrio em que o ódio tomou a
política", escreveu o deputado eleito e candidato à presidência da Câmara,
Marcelo Freixo (PSOL-RJ).
O
líder do PCdoB na Câmara, Orlando Silva, disse que a Casa perdeu um parlamentar
"qualificado e batalhador".
Jean
Wyllys e o presidente Jair Bolsonaro eram rivais declarados na Câmara dos
Deputados e chegaram a protagonizar embates polêmicos na Casa. Em abril de
2016, durante a análise do processo de impeachment da então presidente Dilma
Rousseff, o parlamentar do Psol cuspiu em Bolsonaro. O Conselho de Ética abriu
um processo para apurar o caso.
Ontem,
logo após a divulgação da desistência do deputado, Bolsonaro publicou a
mensagem "grande dia" em seu Twitter. Seu filho o vereador Carlos
Bolsonaro publicou minutos depois: "Vá com Deus e seja feliz!".
Freixo
atacou o presidente na rede social: "Que tal você começar a se comportar
como presidente da República e parar de agir como um moleque? Tenha
postura".
Na
sequência, Bolsonaro negou que a mensagem tinha relação com Jean Wyllys.
"Fake News! Referi-me à missão concluída, reuniões produtivas com Chefes
de Estado, voltando ao país que amo, Bolsa batendo novo recorde na casa dos
97.000 e confiança no nosso país sendo restabelecida, isso faz de hoje um grande
dia", escreveu.
O
presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também lamentou ontem a decisão
tomada por Jean Wyllys.
"Como
presidente da Casa, e seu colega na Câmara, mesmo estando em posições
divergentes no campo das ideias, reconheço a importância do seu mandato. Nenhum
parlamentar pode se sentir ameaçado, ninguém pode ameaçar um deputado federal e
sentir-se impune."
Com
informações portal O Povo Online
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