A
colaboração com o Governo do Ceará no combate à onda de atentados criminosos
talvez seja a mais bem sucedida ação do governo Jair Bolsonaro (PSL) até esta
sua segunda semana. O ministério de Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública)
agiu com velocidade e profissionalismo. No mais, o governo tem batido cabeça na
estreia. Paga o preço da inexperiência.
Há
coisas risíveis pelo amadorismo. Na Casa Civil, a pretexto de excluir os
petistas, demitiram tanta gente que agora falta quem toque os pedidos de
exoneração. Então, teve quem fosse renomeado para poder encaminhar
exonerações...
O
problema atingiu em cheio a Comissão de Ética Pública da Presidência da
República. De 17 funcionários, foram mandados embora 16. Todos acabaram
readmitidos, ao menos por enquanto.
No
segundo dia de governo, foi publicado edital de compra de livros escolares que
retirou exigência de referências bibliográficas que fundamentem os conteúdos,
suprimiu violência contra a mulher dos conteúdos previstos e retirou a
proibição a publicidade no material didático escolar.
O
ministro da Educação Ricardo Vélez Rodriguez disse, em nota, que as mudanças no
edital eram responsabilidade do governo anterior, de Michel Temer (MDB), e
seriam anuladas pelo governo Bolsonaro. Ex-ministro de Temer, Rossieli Soares
Silva negou que as alterações tivessem sido feitas enquanto ele estava no
cargo.
O
fato é que isso não importa. A partir de 1º de janeiro, quem responde pela
Presidência é Bolsonaro. Se o edital foi publicado no dia 2, é responsabilidade
do novo governo. Se foi publicado sem ler, a nova gestão do MEC errou duas
vezes.
No
terceiro dia de governo, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
(Incra) emitiu memorandos circulares paralisando as desapropriações de terra
para reforma agrária. No último dia 8, os memorandos foram revogados. Muita
gente aplaudiu a paralisação das desapropriações, mas, de um jeito ou outro, o
governo errou: ou na medida ou na revogação.
No
quarto dia de governo, Bolsonaro anunciou aumento da alíquota do Imposto sobre
Operações Financeiras (IOF) para quem tem aplicações no Exterior. Seria uma
forma de compensar a prorrogação de benefícios fiscais para o Norte e Nordeste,
medida que o Congresso Nacional aprovou no fim de 2018."É para poder
cumprir uma exigência de um projeto aprovado, tido como pauta bomba, contra
nossa vontade", explicou o presidente.
Ocorre
o seguinte: a prorrogação foi aprovada em 2018, mas foi sancionada já por
Bolsonaro. Então, se era pauta-bomba, quem detonou foi o atual presidente.
Mas,
a coisa piora, pois o secretário da Receita Federal, Marcos Cintra, disse que
não haveria aumento de IOF. "Deve ter havido alguma confusão", ele
disse. Mas isso com certeza.
A
situação é muito séria. Declaração de presidente não é fala de candidato.
Anúncios têm poder de mexer com bolsa de valores, dólar. Isso interfere na
economia, o que pode significar mais ou menos emprego. Não é algo abstrato.
Fala sobre aumento de imposto tem mais impacto ainda. É preciso
responsabilidade.
Na
estratégica agência de promoção das exportações (Apex), uma indicação com todo
jeito de politicagem foi desfeita de forma patética ontem. O ministro anunciou
que Alex Carneiro pediu para sair, mas ele se recusou a deixar o cargo por não
reconhecer a prerrogativa do ministro Ernesto Araújo de demiti-lo. Precisou
Bolsonaro assinar.
Publicado
originalmente no portal O Povo Online
Foto oficial:
A imagem que ilustra esta postagem é foto Oficial do Presidente da República, Jair Bolsonaro, divulgada na tarde de ontem.
A imagem que ilustra esta postagem é foto Oficial do Presidente da República, Jair Bolsonaro, divulgada na tarde de ontem.
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