Houve
quem acreditasse na fábula da "Nação Pacificada". Os que integram
este grupo tinham certeza que um fato extraordinário se daria, do nada, findas
as eleições presidenciais.
Como
mágica, as feridas cicatrizariam e as famílias deixariam para trás as mágoas
eleitorais e até ensaiariam sorrisos, celebrando o Natal ao lado de parentes
até há pouco desafetos.
A
estes crédulos, a desilusão fez-senhora logo cedo. As conturbadas posses dos
novos parlamentares em São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e até aqui,
no Ceará, trouxeram evidências inequívocas que ainda há um longo caminho a ser
percorrido até a calmaria.
As
recentes trocas de insultos, os gritos, as agressões físicas, as coações, as
palavras de ordem berradas ao ouvido do "inimigo" latejam qual lesões
não cicatrizadas. E anunciam que uma sangria desatada não se estanca por
decreto, que não basta um "Levanta-te e anda" para que o finado
Lázaro, que nosso sentimento de nação teve por sina, retorne ao mundo dos
vivos.
O
show de horrores não se deu por satisfeito com os ataques cometidos nas sessões
solenes. Ante a possibilidade da soltura do ex-presidente Lula, decorrente de
uma decisão do ministro do STF Marco Aurélio Mello, a turba ameaçou tomar as
ruas, autoridades e políticos espernearam em público, aventou-se intervenção
militar.
Numa
sinalização que a aparente normalidade que vivemos depende da negação da
dialética e de que determinado estado das coisas obedeça cegamente aos humores
e convicções de certo grupo, não por acaso o que saiu vencedor das urnas.
Como
dizem os versos daquela famosa canção, "Aquela esperança de tudo se
ajeitar, pode esquecer".
Publicado
originalmente no portal O Povo Online
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